15 out, 2013 - 15:45
O Governo português manifestou surpresa com as palavras de José Eduardo dos Santos, que anunciou esta terça-feira o fim da parceria estratégica com Portugal. O Executivo liderado por Passos Coelho sublinha ainda "a importância" e o "alcance estratégico" que tem atribuído a este relacionamento bilateral.
"O Governo português tem defendido e praticado uma consistente actividade visando o estreitamento da relação especial com o Governo angolano. De facto, os laços particulares que unem os dois povos e as duas nações mais do que justificam essa prioridade da política externa portuguesa", lê-se num comunicado do executivo PSD/CDS-PP divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
"Até por isto, e apesar da surpresa com que escutou as referências feitas hoje pelo senhor presidente José Eduardo dos Santos à situação da relação entre os nossos dois países, o Governo reitera a importância que tem atribuído e continua a atribuir ao bom relacionamento entre Portugal e Angola e ao alcance estratégico para angolanos e portugueses desse bom relacionamento aos mais diversos níveis", refere o mesmo texto.
O presidente angolano, José Eduardo dos Santos, considerou esta terça-feira que "o clima político actual" da relação entre Portugal e Angola "não aconselha à construção da parceria estratégica antes anunciada". As declarações foram enunciadas durante um discurso sobre o estado da nação, na assembleia nacional de Angola.
Para Fevereiro do próximo ano está prevista a realização de uma cimeira bilateral entre os dois países, em Luanda.
O mais recente caso a envolver os dois países surgiu quando o ministro dos Negócios Estrangeiros pediu desculpas públicas a Angola por causa de investigações judiciais da Procuradoria-Geral da República a figuras daquele país. Rui Machete foi duramente criticado pela oposição e justificou-se dizendo que o pedido de desculpas dizia respeito à violação do segredo de justiça, que tinha lesado os direitos dos angolanos investigados.
Mas as palavras de José Eduardo dos Santos também se seguem a uma série de editoriais em que o “Jornal de Angola” dizia que o poder angolano estava a ser alvo de uma campanha em Portugal.