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O que se sabe sobre o ataque ao Centro Israelita em Lisboa?

O que se sabe sobre o ataque ao Centro Ismaelita em Lisboa?

28 mar, 2023 • Anabela Góis


No Explicador desta tarde falamos do ataque no Centro Ismaelita, em Lisboa. Duas mulheres morreram, um homem ficou ferido.

Poderá ter sido um atentado?

Ao que tudo indica não, mas as motivações do atacante, que é um refugiado afegão, ainda estão a ser objeto de investigação por parte da Polícia Judiciária (PJ). Aliás, a PJ está, nesta altura, a fazer buscas na casa do detido. Mas todas as declarações oficiais feitas até agora apontam para um ato isolado.

De acordo com testemunhas, o ataque foi realizado com uma faca de grandes dimensões, durante uma aula de português, na qual estavam 16 alunos, todos afegãos. O suspeito desentendeu-se com o professor e terá atacado o mesmo com a faca; depois saiu da sala e matou duas mulheres, ambas de nacionalidade portuguesa - uma professora e uma funcionária que trabalhava no apoio à integração dos refugiados. Desconhece-se, porém, se foi um ataque fortuito ou se mantinha algum tipo de conflito com as duas vítimas.

E do atacante, o que é se sabe?

Sabe-se que é um cidadão afegão chamado Abdul Bashir, terá 28 ou 29 anos e foi acolhido em Portugal há pouco mais de um ano - com estatuto de refugiado - ao abrigo da cooperação europeia. Vivia em Odivelas e veio de um centro de refugiados na Grécia, onde estava com a mulher - que morreu lá - e com três filhos - de 9, 7 e 4 anos.

De acordo com o que adiantou, já esta tarde, o ministro da Administração Interna, o suspeito tinha uma vida bastante tranquila. Beneficiava do apoio da comunidade ismaelita, no ensino de línguas, no apoio alimentar e cuidado com as crianças e, ainda segundo José Luís Carneiro, não tinha qualquer sinalização que justificasse cuidados de segurança.

O presidente da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica, onde está localizado o centro ismaelita, disse, em declarações Renascença, que o homem sofre de problemas psicológicos.

O suspeito foi ferido pela Polícia, agora onde está?

Está hospitalizado em São José, foi submetido a uma cirurgia, uma vez que foi baleado numa perna, mas, ao que apurámos, está estável.

Ele foi detido no local pela Polícia, que foi chamada ainda enquanto o ataque estava a decorrer, muito perto das 11 da manhã.

Quando chegaram, os policias viram o homem armado com a tal faca e deram-lhe ordem para que parasse, mas ele não obedeceu e avançou para os policias com a faca na mão, pelo que a policia disparou. Está, portanto, no hospital, mas sob custódia policial.

E o professor que foi ferido, como está?

Está livre de perigo. Tem cortes no peito e no pescoço, mas são superficiais. Aliás, o professor foi pelos seus próprios meios ao hospital de Santa Maria, onde foi assistido.

Este caso foi noticiado no estrangeiro?

Sim, a imprensa internacional está a dar destaque ao caso, sobretudo, a imprensa europeia. Mas o episódio também chegou ao Brasil, onde a Globo fala em até atentado, o que tem de se considerar como "precipitado", perante a informação que temos.

Todos os outros órgãos, como é o caso da Reuters, da Associated Press, a BBC online e a ABC News, escrevem que se desconhecem as motivações do agressor.

Em Espanha, o caso é notícia nos diários El Mundo e El País. E, em França, o acontecimento também é destaque no Le Fígaro, que escreve que a "hipótese" de ataque terrorista não foi confirmada até ao momento.

Que centro é este e quem são os ismaelitas?

Os ismaelitas são uma minoria muçulmana xiita, cuja origem remonta ao século VIII. Distinguem-se pelo facto de serem a única comunidade islâmica liderada por um imã vivo - com descendência direta do profeta Maomé - que é o príncipe Karim Aga Khan. O atual, Karim al Hussaini, tem nacionalidade portuguesa desde 2019.

Os ismaelitas começaram por ser uma minoria nómada discriminada, mas agora têm altos padrões de vida entre a comunidade muçulmana, onde quer que vivam e, através da Fundação Aga Khan, desenvolvem um amplo trabalho de cariz social e cultural. Em Portugal, o Centro Ismaelita ajuda crianças e jovens desfavorecidos, dá bolsas de estudo e promove programas de apoios a idosos.

Em todo o mundo fazem parte desta comunidade cerca de 15 milhões de pessoas. Em Portugal, serão entre 8 mil e 10 mil.

O Centro Ismaili de Lisboa, onde se deu o ataque desta terça-feira, é um dos principais pontos religiosos e culturais da comunidade em Portugal.

A sede mundial dos ismaelitas está em Portugal desde 2015 e chegou a estar instalada naquele centro, mas há 3 anos foi transferida para o Palacete Leitão, na Rua Marquês da Fronteira, também em Lisboa.

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