14 mai, 2023 • José Bastos
Há uma contradição aparente na economia portuguesa. Os números mais recentes e as projeções de instituições internacionais apontam para um crescimento económico acima da zona euro, mas com a pressão da inflação e subida das taxas de juro, boa parte do tecido empresarial e as famílias parecem viver numa realidade distinta.
O próprio presidente da República sublinhou que os números favoráveis da economia tardam em chegar aos portugueses.
O FMI divulgou, esta semana, novos dados e prevê um crescimento real do PIB português de 2,6% em 2023, valor mais otimista que os 1,8% inscritos pelo governo português no programa de estabilidade e crescimento.
Por outro lado, no primeiro trimestre do ano, foram as economias do Sul da Europa – Portugal, Espanha, Itália e Grécia – que suportaram o crescimento do PIB na zona euro. O desempenho do turismo e uma chuva de fundos europeus ajudam a explicar estes dados.
Já o Gabinete de Estudos do Fórum para a Competitividade, numa nota de conjuntura emitida no início do mês, indica esperar um abrandamento do crescimento do PIB no resto do ano, aludindo a uma quebra de confiança na indústria.
As exportações foram as grandes responsáveis pelo brilharete no primeiro trimestre, mas pode ter sido um fenómeno pontual e irrepetível, também em função da continuação da subida das taxas de juro a condicionar o consumo privado e o investimento.
A economia já melhorou e os portugueses ainda não? Tem a crise política efeitos na economia, por exemplo na execução do PRR, ou o que se passa na economia está agora mais imune ao que vai acontecendo na política?
A análise é de Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria, Miguel Leichsenring-Franco, gestor, ex-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã e Pedro Braz Teixeira, economista, diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade que olham também para as eleições de hoje na Turquia.