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Ataque do Irão a Israel

Da "noite mal passada" para o dia "surpreendentemente normal". O relato de um português em Telavive

15 abr, 2024 - 09:14 • André Rodrigues

David Rosh Pina, português há vários anos em Telavive, admite que o ataque iraniano deste fim de semana não ficará sem resposta. Mas lembra que o país enfrenta uma profunda crise existencial, entre os problemas do Governo e a má opinião internacional, por causa da ofensiva em Gaza.

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Israel acorda de um fim de semana de sobressalto de uma forma “surpreendentemente normal”, diz à Renascença David Rosh Pina, um cidadão português a viver em Telavive.

O ataque com mais de 300 mísseis e drones, levado a cabo pelo Irão na noite e madrugada de sábado para domingo, resultou numa “noite mal passada”, a que se seguiu um dia em que “toda a gente regressou às ruas e foi trabalhar”, relata.

David Rosh Pina recorda que o momento de maior tensão ocorreu entre as 23h00 e as 02h00 locais (menos duas horas em Portugal): “lembro-me de, às 22h30, ver pessoas a sair da arena do Maccabi, que é o mais próximo do Pavilhão Atlântico aqui em Telavive; depois, às 23h00, começaram a aparecer os alertas e aí as pessoas já foram para casa”.

Quando as sirenes começaram a soar, sentiu-se que “a ameaça era muito concreta”, até pela “sucessão de más notícias: primeiro, era o ataque que já estava em curso e os mísseis estavam a caminho; depois, os países árabes encerraram os espaços aéreos; depois, o Aeroporto Ben Gurion foi encerrado”.

Foi nessa altura que os israelitas perceberam que algo grave podia acontecer: “só aí é que caiu a fichinha”.

Só que, depois de tudo isso, praticamente não houve consequências e, “como de manhã, não houve retaliação, as pessoas foram trabalhar e foi um dia perfeitamente normal. E hoje vai ser, também, um dia normal”.

“Israel é um verdadeiro zombie”

Mas, logo, colocam-se as questões seguintes: quanto tempo pode durar esta normalidade aparente? E Israel vai retaliar?

A essas perguntas, David Rosh Pina prefere responder com cautela: “é possível que a retaliação aconteça, mas não agora, porque há imensos problemas e Israel não é um país popular”.

Na leitura deste português a viver há vários anos em Telavive, a resolução da crise dos reféns de Gaza continua a ser a prioridade, tanto para o Governo de Netanyahu, como para a sociedade israelita.

"O Dia Nacional de Israel vai ser no mês que vem e, pela primeira vez, não vai ser celebrado. Enquanto os reféns não voltarem, não se pensa em nada. Israel é um verdadeiro ‘zombie’: é o país mais odiado do mundo - não estou a dizer que é por bons motivos... acho que é pelos piores -, os Estados Unidos não vão apoiar Israel e se Israel der uma resposta ao Irão, vai ser ainda mais odiado”.

Para este português, o estado israelita enfrenta uma “crise existencial profundíssima”, num quadro em que os vizinhos "não são, nem a Suíça, nem a Suécia... são os regimes mais desprezíveis que estão a fazer fila para baterem num país que, ele próprio, também já está com imensos problemas”.

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