07 mai, 2024 - 15:25 • João Filipe Cruz
Rúben Amorim lançou o mote no Marquês de Pombal e ateou o fogo do sonho do bicampeonato. Quem não o conseguiu em tempos recentes aponta rapidamente para uma e única causa: a mudança. Se na vida é quase sempre boa, no futebol nem tanto e, muito menos, em equipas que ganham. É o que explica a Bola Branca Nelson Pereira, guarda-redes dos leões nas conquistas do campeonato em 2000 e 2002.
"Quando se ganha é fundamental manter a base para haver sucesso. Se se vai fazer muitas alterações, tem de se começar a passar ideias a novos jogadores e está aí o problema. Nós sentimos isso. Em 1999/2000, saiu muita gente para entrar muita gente e em 2001/2002 voltam a sair alguns elementos importantes e isso tudo criou logo instabilidade", explica o antigo jogador.
Para Nelson, este Sporting "tem conseguido manter a espinha dorsal" e a equipa tornou-se ainda mais "equilibrada e competitiva" com as entradas de Morten Hjulmand e Vikor Gyokeres.
O antigo número 1 verde e branco reforça a máxima "em equipa que se ganha não se mexe", sem esquecer que pode haver necessidade de realizar um encaixe, mesmo com a entrada dos milhões da Champions.
"Sabemos que os jogadores sobem de cotação e são alvos apetecíveis para clubes com outra capacidade financeira. O Sporting poderá fazer um esforço para mantê-los, até tendo em conta que o nosso Paulo Gama - o famoso roupeiro - anunciou a continuidade de Rúben Amorim e é sempre muito fidedigno. Manter toda essa estrutura seria fundamental para que o Sporting seja o principal candidato ao título na próxima época", sublinha.
E sobre principais candidatos à saída, se necessário, Nelson Pereira considera que "há posições que são um pouco mais colmatáveis" como o eixo da defesa, e também graças ao treinador.
"Com a rotatividade que Rúben Amorim fez no eixo central, deu para perceber que havia garantias caso saísse alguém. Se tivesse de optar, escolhia colocar um central no mercado".
Nesta conversa com Bola Branca, Nelson falou ainda de um sentimento que bem conhece: a dobradinha. Em 2002, depois de conquistar o campeonato, o ex-leão esteve na final da Taça de Portugal e foi o dono das redes verdes e brancas frente ao Leixões.
Nelson Pereira não esquece, reconhece que "conquistar a dobradinha é algo extraordinário" e vê uma vantagem no Sporting desta temporada. Se há 22 anos o tempo para festejar a conquista do campeonato e discutir a Taça foi curto, agora não o é.
"Ainda bem que já foi campeão, porque agora tem duas ou três semanas em que dá para fazer tudo. Depois é concentração máxima, porque estamos a falar de um jogo em que se decide uma competição. Agora é desfrutar do campeonato e depois tem de rapidamente mudar o chip, não entrar em excessos para chegar à final da Taça no máximo", aconselha.