Encontrar as palavras para Te dizer Pai, Amigo, Senhor.
Andar à procura delas, como pérolas que rolamos nos dedos,
ou toques suaves em pétalas de flores frágeis.
Encontrar as palavras do reconhecimento da nossa condição de filhos,
que precisam do colo do Pai. E vamos desfiando as contas do nosso rosário,
pedindo, invocando, numa confiança expectante porque nos sabemos pequenos.
Encontrar as palavras que Te contam as historias dos nossos dias.
As preocupações com o filho que não estuda, os pais que estão sozinhos.
Com a amiga doente, o trabalho inseguro. Ou as alegrias que nos rebentam o peito.
Com a filha que se tornou independente, o amor que se celebra, a música que nos
enche o coração, aquela praia deserta, a montanha escalada.
Encontrar as palavras da súplica ajoelhada, nesta certeza de que o céu nos espera,
de que a eternidade é destino, encontro, perdão, amor.
Nesta procura diária, sem descanso porque permanente, sem cansaço porque Tua,
o encontro acontece. Puro, transparente, belo, consolador, desafiante.