O próximo domingo é já Domingo de Ramos.
E o caminho de Quaresma quase a terminar.
O caminho desta tão estranha Quaresma.
Ontem ouvi na Net este pedido que me soou tão bem
«No próximo Domingo cada um de nós há-de ter um ramo em casa, duas ou três folhinhas que sejam»
Pois hei-de ter, hei-de.
E a essas folhinhas quero juntar a dor indizível destes dias.
Bem sabes que neste tempo de forçada quarentena, por causa de uma inesperada pandemia, tenho vindo a guardar tantas vozes e palavras.
Vozes e palavras como incerteza, pânico, desamparo e angústia,
fome, solidão,
doença e morte,
desânimo.
São gritos nossos, de homens e mulheres, de quem quiseste ser irmão.
Hei-de olhar essas palavras com cuidado e ternura,
sabê-las únicas,
fazê-las companheiras
e acreditar que ali misturadas com o raminho de domingo,
acreditar contra tudo o que parece
que por Tua graça nelas germinam já as primícias da Páscoa.