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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Tentações à direita

23 jul, 2019 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As más sondagens dos partidos da direita democrática não poderão justificar que esses partidos se aproximem da extrema-direita não democrática.

As sondagens apontam para resultados muito fracos dos partidos à direita nas eleições de 6 de outubro. Mesmo para quem não seja simpatizante destes partidos, PSD e CDS, esses resultados, a confirmarem-se, seriam negativos para a saúde da democracia portuguesa. É que uma democracia saudável não dispensa uma oposição forte.

E também não seria positiva uma eventual revisão constitucional ditada apenas pela esquerda, caso esta conseguisse dois terços dos lugares no parlamento. Nem um tribunal constitucional com uma grande maioria de juízes de esquerda.

Perante tais riscos e a aparente incapacidade das lideranças partidárias à direita do leque político para atrair votantes, há quem sugira um populismo de extrema-direita como via para melhorar as perspetivas eleitorais dos partidos em causa. É uma tentação que tanto Rui Rio como Assunção Cristas têm rejeitada sem equívocos, felizmente: ambos defendem que os seus partidos pertencem à direita democrática.

Mas a pressão de alguns militantes ou simpatizantes poderá acentuar-se no sentido da aproximação à extrema-direita não democrática. A qual, entre nós, não consegue ter expressão eleitoral que se veja.

É significativo que tenha aparecido no “Observador” um artigo, assinado por Gabriel Mithá Ribeiro, a defender que PSD e CDS passem a ter um “discurso sociológico autónomo”. Isto é, o discurso de ódio racista e nada democrático de Trump, Bolsonaro e da chamada Nova Direita Europeia, na qual pontificam Salvini, Marine Le Pen, etc. A “alt-right” em Portugal? Não, obrigado.

Comentários
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  • Cidadao
    23 jul, 2019 Lisboa 15:24
    O problema da Direita democrática portuguesa é a memória dos 4,5 anos de governo PSD-CDS-Cavaco Silva, onde a coberto dum manifesto dito negociado pelo PS de Sócrates mas onde o PSD pelo menos participou dessa negociação, se tentou, após o fracasso duma tentativa de Revisão Constitucional que não chegou a ser por queda a pique nas sondagens, impor à força "indo além da Troika", um modelo de Sociedade que o Povo Português rejeita na sua esmagadora maioria. Depois umas Eleições ganhas sem maioria, uma coligação de esquerda a governar de maneira alternativa e que funcionou, ano e meio do PSD em estado de Choque/negação sempre a falar num "Diabo" que acabou por não vir, e depois uma gritante incapacidade da Direita de se reinventar, batendo sempre na mesma rejeitada tecla dum Diktact de Bruxelas, que ele proprio reconheceu que errou. Hoje, a Direita portuguesa está completamente aos papéis, a cair em todas as armadilhas que lhes estendem, a cometer erros de palmatória e sem qualquer plano alternativo de governo, que não seja o regresso aos anos "troikistas". Acrescente-se um líder provinciano (PSD) que fala do Porto, quando o Poder, quer queiram quer não, está em Lisboa, e uma líder (CDS) mais que esturricada pelas asneiras feitas e por ter dado passos maiores que a perna, e temos o Paraíso do PS.