05 jul, 2019
A visita de Filipe Nyusi, presidente da República de Moçambique, a Portugal, que hoje termina, teve escassa cobertura na nossa comunicação social. É certo que os governantes moçambicanos nem sempre - dizendo o mínimo - têm estado à altura das suas responsabilidades. Por isso perderam a confiança de vários países que ajudavam financeiramente Moçambique.
Mas foi solidária a resposta de Portugal e de outros países e organizações internacionais à terrível devastação provocada por duas sucessivas tempestades tropicais, que mataram muita gente e destruíram numerosas culturas agrícolas, provocando mais fome.
Segundo a revista “Fátima Missionária”, dos padres da Consolata (que estão em Moçambique há mais de um século), quase metade da população daquele país vive em condições de miséria e mais de 60% encontram-se em pobreza extrema. São enormes as carências na educação (sobretudo secundária) e na saúde, continuando milhares de vidas a sucumbir a doenças endémicas.
Quer isto dizer que Moçambique precisa de ser ajudado pela comunidade internacional. Mas trata-se de “ajudar sem atrapalhar”, como se lê na mesma revista, num artigo de Albino Brás que critica a maneira como os países desenvolvidos e as organizações internacionais, incluindo ONGs, têm canalizado apoios a África. “Nenhum país se pode desenvolver à base da ajuda estrangeira, coisa que a África tem recebido, décadas a fio, numa perspetiva assistencialista”.
É verdade. Mas em situações de emergência como aquela em que Moçambique se encontra - e que, infelizmente, não será ultrapassada a curto prazo - o auxílio externo, e designadamente o de Portugal (os portugueses conhecem o país), é indispensável.