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Críticas a Marcelo, as "carpideiras do salazarismo" e até uma nova estátua. O que disseram os partidos na sessão solene do 25 de Abril?

25 abr, 2024 - 13:57 • Eduardo Soares da Silva

Leia as principais ideias dos discursos da Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, PCP, Livre, CDS e PAN na celebração dos 50 anos da revolução dos cravos.

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Críticas às declarações de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o colonialismo, o 25 de Novembro, o enaltecimento da coragem dos capitães de Abril, o que ainda está por cumprir nos 50 anos de democracia e até um pedido de uma nova estátua no parlamento foram os temas marcantes dos discursos dos partidos na sessão solene do 25 de Abril.

Inês Sousa Real, do PAN, foi a primeira a discursar e acredita que os direitos de abril estão a ser postos em causa, dando o exemplo dos direitos da mulher.

"Não podemos permitir que 50 anos depois do 25 de abril se queira silenciar a voz de livre", afirmou.

Sousa Real diz que a revolução dos cravos "é uma revolução de empatia" e fala dos desafios que teremos de enfrentar: “As guerras que continuam a marcar a vida das pessoas, as alterações climáticas que desafiam o nosso estilo de vida ou a ascensão de forças políticas que põem em causa direitos humanos”.

De regresso ao parlamento após as eleições de 10 de março, o CDS, através do líder parlamentar Paulo Núncio, apontou o dedo a Marcelo Rebelo de Sousa quando afirmou que Portugal é responsável pelos crimes cometidos durante a época da escravatura na era colonial.

"No CDS, não sentimos a necessidade de revisitar heranças coloniais e deveres de reparação que parecem importados de outros contextos fora do nosso quadro. A história é a história e o nosso dever é o futuro", disse.

Núncio destacou ainda um "processo desastroso de descolonização que deixou famílias abandonadas à sua sorte", e focou o discurso em "quatro lições", com dedos apontados à pobreza, à legalização da eutanásia e ao 25 de Novembro, tema sobre o qual dedicou sensivelmente metade do seu discurso.

Rui Tavares, do Livre, falou de improviso e contou a história da da mãe que tinha pesadelos com o regime de Estado Novo. Pediu ainda uma estátua de homenagem "à dona Celeste", a florista que deu os cravos aos soldados de abril na rua. O líder do Livre disse ainda que o regime contava que "os portugueses tivessem medo e pouca imaginação".

Ainda à esquerda, Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, evocou a coragem dos "jovens capitães de Abril" e destacou o papel do partido na revolução. "Uma luta onde, com orgulho, o Partido Comunista Português esteve sempre na primeira linha de combate ao regime fascista que sustentava a meia dúzia de famílias que mandavam no País", disse.

O dirigente comunista afirma que é "necessário retomar" o caminho de Abril e por fim "ao ciclo de política de direita que tem conduzido o país a crescentes desigualdades".

Mariana Mortágua, a líder do Bloco de Esquerda, apontou às "carpideiras do salazarismo" e aos "saudosistas, saídos do armário ao fim de 50 anos", sem nomear quem são. São "perigosos" porque "vivem para a mentira" e culpam a democracia e a Constituição", diz Mortágua.

Alertou sobre o presente, o que nos "assombra chama-se capitalismo, que sacrifica imigrantes para beneficiar os que exploram a sua ilegalização". Para a líder bloquista é o capitalismo que "faz da casa um ativo financeiro" e que "ataca a democracia com discursos de ódio".

A terminar, a Iniciativa Liberal quer que "ainda hoje" haja "uma deliberação para que o programa das comemorações do 25 de Abril da Assembleia da República passe a incluir uma cerimónia solene no cinquentenário do 25 de Novembro".

Rui Rocha apontou também a Marcelo Rebelo de Sousa, como o CDS já tinha feito. "E não, Senhor Presidente, História não é dívida. E História não obriga a penitência. Quem declara ser nossa obrigação indemnizar terceiros pelo nosso passado, atenta contra os interesses do país, reduz-se à função de porta-voz de sectarismos importados e afasta-se do compromisso de representar a esmagadora maioria dos portugueses".

E o líder da IL continuou com aquilo que chama de wokismo e o efeito que tem sobre a liberdade de expressão. "Houve um tempo em que não se podia falar de nada. Depois, veio aquele em que se podia falar de tudo. E agora, vivemos num momento em que parece que se pode falar de tudo, mas não se pode falar de nada. É urgente combater esse wokismo desnaturado que em tudo se infiltra, que quer acorrentar as gaivotas da expressão e do pensamento".

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  • Americo
    25 abr, 2024 Leiria 14:14
    "..Mariana Mortágua, a líder do Bloco de Esquerda, apontou às "carpideiras do salazarismo" e aos "saudosistas, saídos do armário ao fim de 50 anos", sem nomear quem são. São "perigosos" porque "vivem para a mentira...." Pois a maior mentirosa é esta sra. Lembram-se história da Avó, da história do Pai. Não tem pinta de vergonha. Nós cá estamos para segurar PORTUGAL de qualquer ditadura, seja ela daa extrema direita, quer seja da extrema esquerda.

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