20 nov, 2018 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)
Se vir mais um episódio da sua série preferida no Netflix, se ler mais um artigo na nova aplicação da rádio ou se fizer mais uma pesquisa no motor de busca mais utilizado em todo o mundo, certamente não faz uma ligação direta entre estas ações concretas e a poluição da atmosfera. Na verdade, não é lá muito óbvio que estes hábitos tão banais contribuam para as emissões de gases com efeito de estufa.
Vamos a contas: as minhas pesquisas diárias no Google geram sete gramas de dióxido de carbono. O mesmo que emite para aquecer metade da água para fazer uma chávena de café solúvel.
10 minutos de um vídeo no YouTube emite um grama de CO2. Um ano de Facebook, 269 gramas por utilizador. E o uso do Gmail produz mais de um quilo de dióxido de carbono, por utilizador, por ano.
Parece pouco, mas o mundo tem 7,6 biliões de habitantes. E desses, 55% têm acesso a este mundo extraordinário da tecnologia. No futuro vão ser mais, o que significa mais emissões de CO2 com origem nas pesquisas da internet.
Não estamos sozinhos no mundo. E somos apenas 10,3 milhões habitantes no nosso cantinho à beira mar plantado, ou seja, uma em 700 partes da população global. Já dá para perceber como é que as nossas pesquisas na internet - aparentemente inofensivas - estão a degradar a qualidade do ar que respiramos? Ou, como se pode ler num título do jornal "The Guardian", como é que os gatinhos fofinhos do YouTube contribuem para o aquecimento global?
Atualmente, 2% das emissões globais de gases com efeito de estufa são da responsabilidade dos centros de dados das plataformas digitais, que são supercomputadores que precisam de eletricidade, muita dela gerada a partir de fontes de energia fóssil. E também precisam de muita energia, elétrica, para arrefecer.
O site da Google é o mais visitado em todo o mundo: mais de cinco mil milhões de pesquisas por dia. 1GB de informação corresponde a 13kWh, ou sete quilos de dióxido de carbono emitidos para a atmosfera. É a mesma pegada ecológica da aviação.
O gigante das redes sociais, o Facebook, tem uma das suas centrais a funcionar no norte da Suécia, onde o clima é mais fresco, principalmente nesta altura do ano. Ou seja, já dá para poupar na fatura do arrefecimento.