Teresa C.
Aquela mulher estava sentada num banco do comboio.
Saltou-me à vista a cara virada para a janela, o casaco demasiado grande que lhe cobria uma túnica até aos pés. Uma mala grande e preta, estava bem agarrada por umas mãos velhas, com vários anéis. Quando se levantou, olhei para os pés, calçados com sapatos de homem, largos e gastos. E vi a firmeza do olhar, a dignidade dos passos lentos.
Outra raça, outra religião, outra vida tão diferente da minha.
Nesta manhã de sábado eu Te peço Jesus, pela paz no mundo. Pela paz que reconhece outras raças, outras religiões. Pela paz que reconhece o direito à vida, ao pão de cada dia, a paz que permite viver e não sobreviver…
Nesta manhã, eu Te peço Jesus, por todas as mulheres que calçam sapatos gastos.
Por todas as mulheres que são fiéis à sua religião, que a transmitem aos filhos e aos netos.
Por todas as mulheres que chegam ao fim do dia, cansadas e distantes de suas casas, e permanecem capazes de olhares firmes e de passos dignos…