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O Mundo em Três Dimensões - Carro Elétrico - 24/10/2018

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Nove mil quilómetros por 180 euros. As contas aos carros elétricos

24 out, 2018 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)


Um dia, provavelmente dentro de pouco tempo, é possível que não haja praticamente carros a gasóleo nas nossas cidades. Zero emissões e uma fatura de mobilidade bem mais reduzida do que a que pagamos atualmente.

É assim todos os dias, sempre que pega no carro: abre a porta, senta-se, aperta o cinto de segurança e dá à chave da ignição. É fácil e automático.

Mas entre todos estes gestos, há um extremamente simples que tenderá a desaparecer: deixa de dar à chave e passa a carregar num botão.

Barulho do motor? Residual. De três pedais, passa a ter apenas dois e uma caixa onde não precisa de meter as mudanças.

Em Portugal, os carros a gasóleo continuam a dominar o mercado. É mais uma questão de disponibilidade na carteira do que indiferença aos avisos sobre a poluição provocada por estes motores.

Existe ainda entre os consumidores portugueses a ideia de que o carro a gasóleo pode até ser mais caro do que um a gasolina. Mas o preço por litro de combustível ainda é mais acessível. 93% dos carros vendidos entre 1 de janeiro e 31 de agosto deste ano são gasolina e diesel. São cerca de 170 mil.

No mesmo período venderam-se pouco menos de 10 mil carros elétricos, híbridos e "plug-in". Ou seja, desde o início do ano, os consumidores portugueses adquiriram um carro elétrico ou híbrido por cada 17 viaturas movidas a combustíveis fósseis.

Os dados da Associação do Comércio Automóvel de Portugal confirmam que só em 2018, já foram vendidos mais carros elétricos do que nos 7 anos completos entre 1 de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2016. Nos primeiros 8 meses deste ano, venderam-se mais veículos deste segmento do que nos 12 meses do ano passado.

No futuro, a tendência será crescer, porque há cada vez mais cidades europeias a restringir o acesso dos veículos a gasóleo. A Holanda está prestes a tornar-se o primeiro país da União Europeia a provar que a mudança é possível. Será, ainda este ano, o primeiro país a vender mais carros com fontes de energia alternativas do que viaturas a gasóleo.

Atualmente, no país conhecido pelos executivos que pedalam a caminho do emprego, um em cada oito carros é a diesel. Um em cada dez é movido a energia alternativa.

Mas a democratização do acesso aos veículos elétricos é uma realidade dinâmica e vai mesmo levar à extinção natural do segmento diesel. Não será ao mesmo tempo em todo o lado, mas vai acontecer.

A prazo, pode tornar-se um investimento interessante para a carteira. É certo que a viatura elétrica mais vendida em Portugal custa pelo menos 30 mil euros. É um citadino de uma conhecida marca francesa e é mais caro do que um dos modelos mais recentes de um famoso construtor alemão (ultimamente não pelos melhores motivos).

Só que, enquanto um carro a gasolina gasta pelo menos 10 euros por 100 km e um carro a diesel gasta cerca de sete euros para percorrer a mesma distância, um elétrico consome pode consumir aproximadamente dois euros aos 100 km.

Considerando que cada automobilista português conduz, em média, nove mil quilómetros por ano, isso significa que o proprietário de um carro a gasóleo deixa mais de 600 euros por ano no posto de combustível. A fatura sobe até aos 900 euros anuais, se tiver um carro a gasolina. Com um carro elétrico, nove mil quilómetros custam 180 euros por ano. É fazer as contas.

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  • Martins
    24 out, 2018 LX 10:04
    Assim, que o parque tiver dimensão o estado começa a taxar os eléctricos para ir buscar receita... Dúvidas? O que tem que ser denunciado é que toda a política fiscal sobre os combustíveis é uma mentira pegada. Basta olhar para os outros países para perceber isso. Espanha aqui ao lado e mutios outros. Agora vêm com o argumento da pegada de carbono. Isto quando os EUA e outros países exploram as enormes reservas de gás e petróleo de xisto. Ou seja, fazem-nos andar aqui a pagar o combústível e preços artificiais astronómicos na base da mentira e desinformação.