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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Explicando um voto

08 mar, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


​Por uma questão de transparência, julgo dever revelar a quem me lê o sentido do meu voto no próximo domingo. Não pretendo convencer os que me leem, apenas dizer o que penso.

Esta coluna, onde vou emitindo opiniões sobre os mais variados assuntos da atualidade nacional e internacional, irá agora divulgar como votarei no próximo domingo. É uma questão de transparência entre comentador e os seus leitores. Não pretendo convencer os que me leem, apenas dizer o que penso.

Nos cinquenta anos do 25 de abril seria absurdo votar em quem revela proximidade com a ditadura então derrubada. Já votar nos socialistas, que governaram nos últimos oito anos, merece consideração.

O PS conseguiu melhorar o prestígio do país nos mercados da dívida. Talvez por um compreensível sentimento de culpa na vinda da “troika” para Portugal em 2011, salvando-nos da bancarrota mas impondo duras condições, os socialistas portugueses são, hoje, campeões da ortodoxia financeira. O que é positivo porque nos evita pagar juros excessivos nos empréstimos que Portugal terá ainda durante longos anos de contrair.

Já no resto - que não é pouco - a atuação dos socialistas deixou muito a desejar. Desde logo, desperdiçaram uma maioria absoluta com o pior governo da democracia portuguesa. E, chegados nós aqui, persistem e agudizam-se problemas decorrentes de mais de oito anos de governação socialista ou da falta dela.

Basta pensar na pobreza, que hoje já aflige até quem está empregado; na emigração de jovens que não encontram emprego na pátria; no drama da falta de casa, que também atinge sobretudo os jovens; na interminável crise do Serviço Nacional de Saúde; na degradação dos serviços públicos; no crescente atraso económico face a países ex-comunistas do Leste europeu; na preocupante crise dos polícias e de outras forças de segurança, etc., etc.

O PS no governo sempre preferiu uma navegação à vista, afastando qualquer hipótese de reformas a sério. Não é exagero dizer que A. Costa fugiu de reformas como o diabo da cruz.

É certo que o PS tem agora um novo líder. Mas Pedro Nuno Santos fez parte do governo que sai de cena; nessa qualidade, teve intervenções de que agora não se orgulha.

Assim, para evitar mais do mesmo, julgo que deve ser dada uma oportunidade à Aliança Democrática e ao seu líder Montenegro. Não tem experiência governativa, diz-se - mas que experiência tinha Sá Carneiro quando foi pela primeira vez chefe do Governo? A Montenegro não parece faltar vontade de mudança. E resistência para encaixar contrariedades. Ora isso é essencial.

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