25 jul, 2018
Começa hoje mais um "Acampamento Liberdade", o campo de verão organizado pelo Bloco de Esquerda para os seus jovens militantes ou simpatizantes. Tendo lido algumas referências dispersas sobre o seu programa, fui pesquisá-lo na net para confirmar as minhas piores suspeitas. Vale a pena o leitor curioso fazer o mesmo. Aquilo pode ser um convívio de jovens; mas é, sobretudo, um campo de doutrinação para as maiores excentricidades ideológicas fraturantes que hoje imperam.
Durante quase cinco dias, haverá concertos e festas, com “samba de guerrilha” e celebrações “antirracistas”, “feministas” e “queer”, antecedidos de conferências e workshops. Entre os temas daquelas há alguns risíveis, outros crípticos e outros assustadores: “Direito a uma vida independente”, “Legalizar (e regulamentar!) todas as drogas” (sic), “A propriedade é o roubo: debate sobre a socialização dos meios de produção” (sic), “Direito à boémia: necessidade de vida noturna para produção e radicalização cultural” (sic), “Linguística e linguagem inclusiva” ou “Desobediência civil: como, porquê e para quê”. Entre os workshops, o destaque tem de ir para o que se intitula “Desconstrução da masculinidade tóxica” (sic!)
Leram bem as três palavras: “Desconstrução”, “masculinidade” e “tóxica”. Gostava realmente de conhecer o conteúdo doutrinal desta educativa palestra. A minha perplexidade abunda. A masculinidade é tóxica? Toda ela? É o heterossexual branco o inimigo a abater ou qualquer homem? E dentro do heterossexual branco, o alvo será apenas o machista que alegadamente comete ou deseja violência de género sobre as mulheres? Em que consiste a sua toxicidade? Quão tóxico é ele para precisar - na ótica do BE - do corretivo da desconstrução? E como opera esta? Denunciando, perseguindo, estigmatizando, prendendo ou exilando o (mau) homem “tóxico”? Ou reeducando-o, para que ele veja a luz e se liberte da toxicidade inerente à sua condição de macho? Imagine o leitor a reação do BE se alguém, num colóquio, na imprensa ou num acampamento de jovens decidisse reivindicar a desconstrução, também por suposta toxicidade, da homossexualidade, do feminismo ou do transgénero... Lá viriam os iluminados berrar contra a homofobia, o patriarcalismo ou o marialvismo!
Há desigualdade e violência entre homens e mulheres, entre heterossexuais e homossexuais, entre raças, etnias, comunidades e estilos de vida? Sem dúvida. Acontece que há culpados e inocentes em todos os lados - até em lados que, de forma hipócrita, o BE não gosta de reconhecer. Há dias, um casal de rapazes homossexual foi espancado em Coimbra. A notícia depressa desapareceu, pela inconveniência de revelar que os agressores eram ciganos. A homofobia ou a violência dos ciganos (ou dos muçulmanos) sobre as suas mulheres e filhas é tradição cultural; o piropo do heterossexual branco vai a caminho de se tornar um crime! Eis o padrão moral do BE.
O que é preciso “desconstruir” não é a masculinidade, porque a violência de género não é só uma propensão de alguns homens brancos; é um problema de pessoas moralmente mal formadas, transversal a todas as sexualidades, raças e povos. O que é necessário desconstruir é esta “tolerância” intolerante do BE. E o que é urgente reificar é a distinção entre o bem e o mal, o que se pode fazer e o que não se pode fazer, porque maltratar o outro, seja no plano sexual, seja em qualquer outro plano, é um delito infelizmente generalizado – e não uma culpa tóxica da masculinidade. Por isso, aos jovens do Bloco de Esquerda recomendo: divirtam-se no campo, mas deixem lá a masculinidade, e já agora a propriedade e a linguagem, em paz!