Prémio Pritzker 2024. "Nobel da arquitetura" para o japonês Riken Yamamoto

05 mar, 2024 - 19:02 • Lusa

"Yamamoto desenvolve uma nova linguagem arquitetónica que não se limita a criar espaços para as famílias viverem, mas cria comunidades para as famílias viverem juntas", assinala a organização do "Nobel" da arquitetura.

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O arquiteto japonês Riken Yamamoto, conhecido por projetos que valorizam a comunidade e aproximam culturas, é o vencedor do prémio Pritzker 2024, o mais importante galardão mundial da arquitetura, anunciou esta terça-feira a organização.

O galardão internacional foi criado em 1979 para premiar anualmente um arquiteto vivo e tem um valor monetário de 100 mil dólares (cerca de 92.240 euros).

"Yamamoto desenvolve uma nova linguagem arquitetónica que não se limita a criar espaços para as famílias viverem, mas cria comunidades para as famílias viverem juntas", disse Tom Pritzker, presidente da Fundação Hyatt, que patrocina o prémio - que distinguiu os arquitetos portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura em 1992 e em 2011, respetivamente.

Ecoms House, de Riken Yamamoto. Foto: Shinkenchiku Sha
Ecoms House, de Riken Yamamoto. Foto: Shinkenchiku Sha
Escola secundária de Koyasu. Foto: Mitsumasa Fujitsuka
Escola secundária de Koyasu. Foto: Mitsumasa Fujitsuka
Complexo residencial Hotakubo. Foto: Tomio Ohashi
Complexo residencial Hotakubo. Foto: Tomio Ohashi
Museu Yokosuka. Foto: Tomio Ohashi
Museu Yokosuka. Foto: Tomio Ohashi

Riken Yamamoto foi selecionado "por sensibilizar a comunidade para o que é a responsabilidade da exigência social, por questionar a disciplina da arquitetura para calibrar cada resposta arquitetónica individual e, sobretudo, por lembrar que na arquitetura, como na democracia, os espaços devem ser criados pela vontade das pessoas".

Presidido pelo arquiteto chileno Alejandro Aravena, o júri desta edição integrava também o diplomata brasileiro André Aranha Lago, o professor de História da Arte Barry Bergdoll, a arquiteta Deborah Berke, o jurista Stephen Breyer, a arquiteta Kazuyo Sejima e o professor e arquiteto Wang Shu.

Riken Yamamoto nasceu em 1945, em Pequim, na República Popular da China, e mudou-se para Yokohama, no Japão, pouco depois do fim da II Guerra Mundial, habitando desde a infância uma casa em que o equilíbrio entre as dimensões pública e privada eram próximas: na parte da frente da residência da família estava instalada a farmácia da mãe na frente, e, nas traseiras, a zona de habitação.

O 53.º laureado com o Pritzker licenciou-se na Universidade de Nihon, no Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia, em 1968, e obteve um mestrado em arquitetura na Universidade de Artes de Tóquio, em 1971, fundando o seu atelier, Riken Yamamoto & Field Shop, em 1973.

A transparência na forma, no material e na filosofia da arquitetura continua a ser um elemento essencial nas suas obras, segundo o comunicado da organização do Pritzker que, até esta edição, já distinguiu outros oito arquitetos japoneses, como Kenzo Tange (1987) e Arata Isozaki (2019).

A obra de Yamamoto, 79 anos, inclui residências privadas e habitações públicas, escolas, instituições cívicas e universidades, como a da Província de Saitama (1999) e a Nagoya Zokei (2022), ainda o complexo Hotakubo Housing (1991), a Biblioteca de Tianjin (República da China, 2012), e o centro de lojas e serviços The Circle, do Aeroporto de Zurique (Suíça, 2020).

Após o terramoto de 2011 no Japão, e o tsunami de Töhoku, criou o Local Area Republic Lab, um instituto dedicado a atividades comunitárias através do design arquitetónico, e instituiu o Prémio Local Republic, em 2018, para homenagear jovens arquitetos que "agem com coragem e ideais para o futuro".

Entre as distinções que recebeu ao longo da sua carreira de cinco décadas, inclui-se o Prémio do Instituto de Arquitetos do Japão para o Museu de Arte de Yokosuka (2010), o Prémio de Edifícios Públicos (2004 e 2006), o Prémio de Ouro Good Design (2004 e 2005), o Prémio do Instituto de Arquitetura do Japão (1988 e 2002), o Prémio da Academia de Artes do Japão (2001) e o Prémio de Arte Mainichi (1998).

Em 2023, o Pritzker foi entregue ao arquiteto britânico David Alan Chipperfield, conhecido pelos projetos de renovação de edifícios antigos como o Novo Museu de Berlim, e em 2022 foi galardoado o arquiteto do Burkina Faso Francis Kéré, que se tornou o primeiro africano a conquistar o galardão.

Entre os anteriores laureados estão Philip Johnson, primeiro arquiteto a ser distinguido, Aldo Rossi, Frank Gehry, Rafael Moneo, Norman Foster, Zaha Hadid, Jean Nouvel, Yvonne Farrell, Shelley McNamara, assim como arquitetos brasileiros Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha.

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