A+ / A-

Japão. Ex-soldados condenados a pena de prisão suspensa por abuso sexual

12 dez, 2023 - 09:18 • Redação com Lusa

Ministério da Defesa reabre o caso e avança com investigação interna. A denúncia pública é rara no país e motivou mais de mil outras vítimas a participar este crime.

A+ / A-

Três ex-militares japoneses foram condenados a dois anos de prisão suspensa por terem atacado sexualmente uma colega.

A vítima tornou-se no novo símbolo do movimento #MeToo no país após uma denúncia pública do caso de abuso sexual em 2021, algo extremamente raro no Japão.

O veredicto de um tribunal de primeira instância de Fukushima é bastante mais leve do que o pedido pelo Ministério Público, que tinha solicitado dois anos de prisão efetiva para os arguidos.

Em 2022, a ex-soldado Rina Gonoi, agora com 24 anos, disse nas redes sociais ter sido regularmente assediada e abusada sexualmente quando estava no exército, perante a inação da hierarquia militar e o indeferimento de uma primeira queixa perante os tribunais.

A declaração pública, algo extremamente raro no Japão, levou o Ministério da Defesa a reabrir o caso e a dar razão a Gonoi, após uma investigação interna que levou à abertura de julgamentos civis e criminais.

Os três ex-militares simularam relações sexuais com Gonoi em 2021, mantendo-a deitada e com as pernas abertas, enquanto outros colegas do sexo masculino observavam a cena, rindo.

Ir a público com o caso foi uma solução de "último recurso" para Gonoi, confessando estar mais "desesperada do que corajosa" em entrevista à agência de notícias Agence France-Presse (AFP).

As acusações públicas da ex-soldado levaram mais de mil outras vítimas, homens e mulheres a denunciar, posteriormente, atos de assédio ou violência sexual no exército japonês.

Gonoi encabeçou o movimento #MeToo japonês e foi alvo de assédio e insultos nas redes sociais japonesas.

"Há algo errado no Japão: as pessoas atacam as vítimas e não os autores" dos crimes, lamentou Gonoi na entrevista à AFP.

Críticos argumentaram que as vítimas do arquipélago são frequentemente responsabilizadas por não oferecerem resistência suficiente e salientam que as pessoas que são agredidas podem não ter capacidade para se defender.

Um dos pontos mais criticados da legislação japonesa em matéria de violação é a exigência de o Ministério Público ter de provar que o acusado usou "violência e intimidação".

Em junho deste ano, o parlamento japonês aprovou o aumento da idade de consentimento sexual de 13 anos, uma das mais baixas do mundo, para 16 anos, no âmbito de uma reforma legislativa contra agressões sexuais.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+