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Macedónia do Norte vai a votos em eleição importante para adesão à UE

08 mai, 2024 - 00:26 • João Pedro Quesado com Reuters

Analistas consideram que um crescimento da direita pode abrandar ainda mais as negociações de adesão à UE e complicar as relações com os países vizinhos, nomeadamente a Bulgária e a Grécia.

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A Macedónia do Norte vai esta quarta-feira a votos. As eleições legislativas e presidenciais do país dos Balcãs podem entregar o poder à oposição de direita, punindo um governo que não conseguiu progredir nas negociações para a adesão à União Europeia nem reduzir a corrupção.

Apesar de nenhuma sondagem ter sido publicada antes das eleições, um resultado melhor do que o esperado do partido VMRO-DPMNE (Organização Revolucionária Interna da Macedónia - Partido Democrático para a Unidade Nacional Macedónia) na primeira volta das eleições presidenciais, em abril, sugere que os eleitores estão frustrados com os sociais-democratas no poder.

O VMRO-DPMNE está associado ao Partido Popular Europeu, onde estão os portugueses PSD e CDS. Já o SDSM (União Social Democrata da Macedónia) faz parte do Partido Socialista Europeu e integra a coligação "Por um Futuro Europeu" nestas eleições - tendo vencido as de 2020 com uma vantagem de apenas dois deputados.

De acordo com a Reuters, analistas consideram que um crescimento da direita pode abrandar ainda mais as negociações de adesão à UE e complicar as relações com os países vizinhos, nomeadamente a Bulgária e a Grécia.

A eleição desta quarta-feira inclui uma segunda volta das eleições presidenciais e as eleições legislativas, para o parlamento nacional. As urnas abrem às 7h (6h em Portugal continental) e encerram às 19h locais. Os resultados das 3.360 mesas de voto devem começar a ser declarados ao final do dia.

Candidato à UE desde 2005, mas negociações começaram em 2022

Em 2001, a NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) interveio num conflito no país - que então apenas se chamava Macedónia - entre o governo e uma insurgência de albaneses étnicos, forçando o governo a reconhecer esta minoria no país.

O país, que tem apenas 1,8 milhões de habitantes, juntou-se à NATO em 2020. A adesão à UE não tendo tido grandes progressos, em parte devido aos obstáculos colocados pelos governos da Grécia e da Bulgária.

A mudança de nome do país surgiu depois de um acordo em 2017, que permitiu encerrar a disputa com a Grécia. Contudo, a Bulgária vetou a abertura de negociações de adesão em 2020, acusando a língua macedónia de ser simplesmente búlgaro com outro nome e argumentando que a Macedónia do Norte estava a desrespeitar os laços culturais e históricos com a Bulgária. O veto apenas foi levantado em 2022.

A Macedónia do Norte apresentou o pedido de adesão à UE em março de 2004, e foi aceite como candidata em dezembro de 2005.

No relatório de 2023 sobre a Macedónia do Norte, a União Europeia diz que "todos os partidos devem começar a debater de forma construtiva e inclusiva", e indica que a administração pública está "moderadamente preparada" para a adesão. Já o sistema judicial e a prevenção da corrupção estão num nível "moderado".

O Instituto Internacional para os Estudos do Médio Oriente e dos Balcãs disse que uma vitória do VMRO-DPMNE pode complicar o processo de adesão europeu, devido à oposição do partido ao acordo com a Grécia.

"O cancelamento de acordos e obrigações internacionais assinadas e ratificadas e a sua renegociação significaria a perda de mais 20 ou 30 anos, e a desistência do caminho euro-atlântico do país", declarou a organização.

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