22 mai, 2021 - 08:11 • Liliana Carona
Foi há quatro meses que João Santos decidiu agarrar o seu sonho com a ajuda de Carla Marques. A colega e formadora, de 44 anos, reparou no seu talento aos 16 anos.
“O João tem um caminho promissor. Sei ver as capacidades dele em alcançar o mundo dele, que é o da beleza”, atesta a formadora com quem quem partilha o espaço onde abriu a sua empresa: João Santos Artist Nail's.
“Com 16 anos tirei a formação com a Carla. Depois, comecei a fazer unhas aos meus familiares e ia à casa das pessoas, mas em dezembro a Carla convidou-me”, confirma, recordando a origem da vocação. “Desde pequenino, sempre disse que queria ser designer de moda, fui pesquisando cada vez mais, comprei o meu primeiro kit de unhas no Lidl, fui fazendo as unhas à minha mãe - que só me dizia que eu era um chato - pois ela detesta”, comenta entre um sorriso.
Formado em técnico de unhas de gel e de “nail art”, João tem também os cursos de pastelaria e hotelaria, vertente restaurante/bar, mas é nas flores, que encontra o prazer de trabalhar. “Adoro fazer flores”, adianta, referindo outros conceitos da técnica de “nail art” que domina: o “paint gel”, 3D, “spider”, “one stroke”, “baby boomer”.
Paula Daniel, 55 anos, é uma das clientes de João e não poupa elogios. “O trabalho é excecional, um homem no meio das mulheres com um trabalho excecional, muito competente, muito amoroso, muito seguro, vai ter muito futuro”, prevê, enquanto escolhe um verde lima nas unhas.
E há mais pessoas do sexo masculino a seguir a mesma arte? “Que conheça não, mas já vi na internet. No estrangeiro é mais comum os rapazes fazerem as unhas e vejo os trabalhos deles”, conta João, garantindo que nunca sentiu preconceito.
“Não senti preconceito nem da parte da família, nem de fora. É só um rapaz a fazer unhas. Até no meio onde estamos não houve preconceito. Sou estilista de unhas,com muito orgulho”, sublinha este profissional, salientando haver “clientes que dizem que um rapaz a fazer unhas não é habitual, mas querem experimentar. Depois, gostam e ficam”.
“A minha mãe é peça fundamental... se ela diz que eu tenho de ser feliz, é por ela que me guio, o resto é tudo conversa”, diz João, destacando que o negócio está a crescer.
“A pandemia afetou-me pouco porque estou a criar a carteira de clientes, mas agora e está cada vez melhor”, revela o estilista de unhas, cujo primeiro olhar é sempre dirigido às mãos. “A primeira coisa que vejo numa pessoa são as mãos. É um vício, pois se tenho um tempo vago estou sempre a treinar”.