03 mai, 2024 - 14:01 • Eduardo Soares da Silva
A 31 de junho, termina uma das maiores história de amor entre um jogador e um clube de futebol. Marco Reus e o Dortmund anunciaram que não vão renovar contrato, colocando um ponto final numa história de 12 anos.
Num vídeo gravado no relvado do Westfalenstadion, em frente a uma "muralha amarela" deserta dos habituais adeptos ruidosos, Reus anunciou o adeus ao clube.
"Estou muito grato e orgulhoso por ter jogado no meu clube. Estive mais de metade da minha vida aqui e aproveitei cada dia. Será difícil despedir-me no fim da época e, ao mesmo tempo, estou feliz que exista esta clareza e definição em relação ao futuro para que nos possamos concentrar nos últimos jogos", disse.
O extremo fez formação em Dortmund, mas terminou-a no Ahlen, onde arrancou a carreira profissional, antes de ser contratado pelo Borussia Monchengladbach. Depois de três épocas em grande nível, regressou a casa por 20 milhões de euros. Nunca mais saiu.
Reus marcou 168 golos e registou 100 assistências em mais de quatro centenas de jogos com a camisola amarela e negra do Dortmund. Deixará o clube como o quarto jogador com mais jogos na história do clube e como o segundo melhor marcador.
Chegou em 2012/13, contratado por Jurgen Klopp após o título conquistado na temporada anterior. Tornou-se figura do plantel quase de forma imediata, mas os títulos perdidos marcaram-lhe a carreira.
Foi sete vezes vice-campeão alemão, sempre derrotado pelo Bayern. Perdeu até, no ano de estreia, a final da Liga dos Campeões frente aos bávaros. Termina a ligação ao Dortmund com quatro títulos na estante: duas Taças e duas Supertaças.
Formou a dupla da moda com Mario Gotze, foi eleito para a equipa do ano da UEFA e foi o melhor jogador da Alemanha em 2012 e 2019. Venceu o prémio de melhor jogador da Bundesliga em três temporadas diferentes. Foi cobiçado por meia Europa, mas nunca quis sair. Real Madrid, Barcelona, Manchester City, Chelsea e Bayern. Todos tentaram, mas a lealdade falou mais alto.
"Poderia estar a ganhar o dobro em qualquer outro sítio, mas rejeitou e seguiu o coração", disse, em 2015, o diretor-executivo do clube, Hans-Joachim Watzke.
Para além dos títulos perdidos, as lesões foram tema recorrente nos melhores anos de Reus. Em 2017, após uma rutura de ligamentos no joelho, afirmou que "daria todo o dinheiro que ganhou para voltar a estar apto para jogar futebol".
Por problemas físicos falhou o Mundial 2014 e 2022, assim como o Euro 2016 e 2020. Não se sagrou camoeão mundial devido a uma lesão no calcanhar.
Já com 34 anos, tem vindo a perder espaço nas opções do treinador Edin Terzic, mas ainda juntou sete golos e quatro assistências à contagem pessoal ao longo desta época. Foi até decisivo na vitória contra o AC Milan, no San Siro, com um golo e uma assistência no grupo da morte da Champions.
A história de Reus é marcada pela lealdade ao clube do coração, da sua cidade, mas também pela desilusão de ficar tão perto de grandes conquistas, mas nunca realmente lá chegar. No entanto, está aberta a janela de oportunidade para que o fim da história seja diferente.
Reus quer sair em grande. O Dortmund está em vantagem na meia-final da Liga dos Campeões frente ao PSG e vencer a "orelhuda" é o último grande objetivo.
"Temos um grande objetivo em mente e queremos alcançá-lo juntos", terminou, no discurso de despedida.