A+ / A-

Futebol internacional

"Tenho memórias boas, mas os jogos com o Barcelona eram muito longos": Meira e o regresso do seu Estugarda à Champions

03 mai, 2024 - 10:30 • Eduardo Soares da Silva

O antigo central português "ainda sofre" com o clube pelo qual venceu a Bundesliga e que é também uma das surpresas do campeonato alemão desta temporada. Os méritos vão, principalmente, para o jovem treinador Hoeness.

A+ / A-

14 anos depois, o Estugarda está de regresso à Liga dos Campeões. Nas últimas participações, o português Fernando Meira era uma das grandes figuras do clube: "É um regresso muito simbólico, continuo a sofrer por eles".

O antigo central, hoje com 45 anos, tem boas recordações das duas participações na liga milionária e na memória ficaram os jogos "muito longos" contra um Barcelona que se preparava para dominar a Europa.

A boa prestação dos clubes alemães nas provas europeias dará uma vaga extra à Bundesliga na Liga dos Campeões na próxima época, o que confirmou a presença do Estugarda na prova, uma vez que não cairá para lá do quinto lugar. É uma das outras surpresas desta época na Bundesliga, para lá do título do Leverkusen.

À Renascença, Meira atribui grande parte dos méritos ao treinador da equipa, Sebastian Hoeness, que colocará "três ou quatro jogadores na seleção alemã no Europeu".

A última participação do Estugarda na Liga dos Campeões foi em 2009/10. Passados tantos anos, é simbólico este regresso?
É muito simbólico. Para mim, é uma sensação de felicidade muito grande. Vivi lá anos muito especiais no Estugarda. Para além de termos sido campeões, jogámos muitos jogos na Liga dos Campeões foi de facto uma fase fenomenal da minha carreira, mas também do clube. É um clube que forma muito bem, tem uns adeptos fenomenais. Esta época, pela mão de Sebastian Hoeness, está sem dúvida a fazer uma época fantástica, a jogar bom futebol, a valorizar muitos ativos, o que é bom para o futebol alemão e Estugarda. É salutar termos equipas que jogam bem na Europa, que pratiquem bom futebol, que sejam equipas ofensivas.

Até tendo em conta a dificuldade destas últimas duas épocas, com a manutenção garantida quase à última. Tem sido um caminho duro...
Sem dúvida. Mas é importante manter esses valores, este treinador que tem feito um trabalho notável e dar estabilidade à estrutura, à equipa técnica. Esta equipa jovem tem de facto muitos bons valores. Não me lembro de ver o Estugarda com três, quatro jogadores na seleção alemã e acredito que isso vai acontecer neste Europeu. De facto, o Estugarda é um clube que tem uma formação fenomenal e aposta imenso nos jovens, em jovens com valor. Se olharmos para os que têm saído da formação do Estugarda, há sempre jogadores a despontar e a fazerem carreiras brilhantes, por isso espero que este ano de acesso à Liga dos Campeões seja um ano em que vem mais estabilidade, para não andarem num sobe e desce constante, em sofrimento. Apesar de estar longe, eu continuo a sofrer, porque é um clube que me marcou imenso.

Defrontou um Barça pouco simpático, digamos assim, não é? Iniesta, Messi...
[risos]

... Henry, Zlatan. Que memórias tem dessa eliminatória?
Memórias boas por defrontar jogadores com essa qualidade, mas eram jogos muito longos [gargalhada]. De facto, o Barcelona de Busquets, Iniesta, Xavi, Deco, Thierry Henry, Ibra, Ronaldinho. Quando é assim, jogar contra essas gerações, é sempre muito difícil. Claro que o Estugarda não tem grande historial na Liga dos Campeões, mas é sempre bom tentarmos dar o nosso melhor e marcar o nosso nome na história da competição. Cruzei-me, nos tempos do Estugarda, pelo menos duas vezes com o Barcelona e é muito difícil, quanto mais com essa geração brilhante.

Está na moda a Bundesliga? Ou seja, duas equipas nas meias da Liga dos Campeões, o Leverkusen a fazer o caminho que fez. Há mais olhos a verem a Bundesliga? Mesmo histórias como esta do Estugarda.
Sim, mas muito por conta do trabalho de Hoeness e também do Xabi Alonso, são dois treinadores jovens com uma bela trajetória, com um futebol muito atrativo, valorizaram imenso os ativos dos clubes. Quando tens treinadores que são audazes, que são arrogantes no bom sentido, porque valorizam muito o seu trabalho e a sua equipa, a maneira de pensar o jogo, preocupam-se pouco com o adversário. Quando há treinadores que trabalham dessa forma, conseguem grupos altamente mentalizados para as ideias do treinador, focados, ambiciosos, é salutar e é de acompanhar esse tipo de campeonatos.

Certo.
A Bundesliga já era atrativa e penso que nestes últimos anos tem ficado cada vez mais por conta do que tem sido os trabalhos de jovens treinadores. Se olharmos para as últimas gerações do futebol alemão, não têm tido muito sucesso, tirando a de 2014, no Brasil. Tem faltado alguma falta de opção numa ou noutra posição, nomeadamente avançado. Neste momento, a Alemanha tem o Havertz a jogar numa posição que nem é a sua de origem. O Fulkrgu é um jogador que está a parecer, mas não o podemos comparar com Thomas Muller de há 10 anos ou com o Klose, Mario Gómez. A Alemanha sempre tive grandes avançados e agora passa uma fase difícil, é importante assinalar isso. Foram agora buscar ou tentam recuperar Kroos para dar mais alguma estabilidade e mística à seleção alemã, que sempre foi e continuará a ser uma grande seleção, mas que neste momento não é, na minha opinião, um dos candidatos.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+