A+ / A-

"Agora, quem paga?". Economista avisa que fim das portagens tem de ser compensado

03 mai, 2024 - 06:41 • João Malheiro

João Duque explica que será necessário "aumentar os impostos ou cortar benefícios a alguém". Medida foi aprovada por PS e Chega, com PSD e CDS a votarem contra.

A+ / A-

O economista João Duque avisa que o fim das portagens nas ex-SCUT tem de ser compensado de forma orçamental de outra forma.

"Agora, quem paga?", aponta, à Renascença. O especialista refere que a resposta à pergunta "não será fácil de obter", porque "ninguém quer ter o ónus de cortar nada".

O professor catedrático do ISEG explica que para compensar "ou vamos aumentar os impostos ou cortar benefícios a alguém". "Mais 300 milhões acolá, para coisas que não estavam orçamentadas, mais descida de impostos, mais atualização do subsídio de risco para GNR e PSP... Quer dizer, há limites e as coisas não estão a correr tão bem como no ano passado", avisa.

"É bom dar boas notícias e é muito desagradável dar más notícias. Mas alguém vai ter de pagar", acrescenta, sugerindo que o Governo tem que perguntar aos partidos que aprovaram o fim das portagens nas ex-SCUT se têm alguma sugestão para compensar este impacto orçamental.

Os deputados aprovaram esta quinta-feira uma proposta do PS para eliminação das portagens nas ex-Scut. PSD e CDS votaram contra.

O diploma socialista contou com o apoio do Chega, Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN.

João Duque acha "bizarro" que o Governo "tenha de fazer aquilo que não quer" e que "o Parlamento legisle e alguém execute contra a sua vontade".

O economista defende, contudo, que o Executivo não tenha problemas em avançar com as medidas, para demonstrar que não deixa de governar.

"É, rapidamente, implementar e tirar o benefício. Outros tivemos muitos anos para fazer e não fizeram. Tinham a chamada faca e o queijo. Agora só têm a faca, mas quem tem o queijo sabe fazer", considera.

Numa avaliação mais económica, João Duque refere que a decisão do Parlamento marca "o fim de um princípio de utilizador pagador de um recurso público" e acredita que a medida é aceitável quando não há alternativas às portagens.

"Estamos a penalizar demasiado os portugueses que, não tendo alternativas, estão sempre a pagar para ter acesso a hospitais, a escolas, a tribunais, etc. É um bocadinho duro para quem está afastado de acessos alternativos", conclui.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Manuel Rocha
    07 mai, 2024 Guarda 17:25
    A abolição das portagens nas ex-SCUTS é das melhores medidas alguma vez tomadas. Acho engraçado a conversa de quem paga. Pagam os contribuintes de Portugal, como em tudo. Quem é que deveria pagar? Pagam os contribuintes de Portugal com tb são eles que pagam os transportes públicos na áreas metropolitanas altamente subsidiados, as ligações ferroviárias, o projeto do novo aeroporto, da ligação ferroviária a alta velocidade, as jornadas da juventude, os aumentos de polícias, professores, oficiais de justiça, médicos juízes..., as universidades, os centros de investigação, as reformas antecipadas antecipadas, as ajudas de custo e deputados e outros mais, etc, etc. Mas alguém pensa que o dinheiro cai do céu ou vem de um saco sem fundo?! Agora a virtude desta medida é que é mais do que justa e tb é totalmente justificável. Muito do país, nomeadamente grande parte do interior, não tem outras vias de comunicação que sejam viáveis. Pior, muitas das ex-SCUTS foram construídas destruindo e alterando as alternativas não pagas que havia (pelo que agora, quem quiser escapar às ex-SCUTS, tem de circular estardas sinuosas, passando pelo meio de zonas habitacionais, o que tem provocado muitos acidentes, mortes e grandes constrangimentos de circulação). Assim, não faz qualquer sentido ter de pagar para circular nas ex-SCUTS. Não consigo lembram-me de qualquer outra medida que seja tão justa, pertinente e meritória como a abolição das portagens nas ex-SCUTS. O interior de portugal agradece!
  • JM
    03 mai, 2024 Seixal 14:47
    Se calhar em vez de saber quem paga, seria melhor os senhores economistas reformularem os contratos de exploração das autoestradas.
  • Luiz
    03 mai, 2024 SANTO ANTÓNIO DOS CAVALEIROS 13:37
    Pode ser compensado com a descida do IRC, qualquer Xarmento ou montescuro, sabe isso....
  • José Monteiro Fernan
    03 mai, 2024 Guarda 10:29
    Tanto celeuma por causa de 160 milhões, sobre uma medida essencial para quem habita no Interior Esquecido. Vergonha de políticos! O Estado injetou este ano 343 milhões na TAP, a juntar aos quase 3 mil milhões já lá colocados. Quantos portugueses beneficiam com essa medida?
  • ze
    03 mai, 2024 aldeia 09:01
    É fácil compensar,basta acabar com certas mordomias dos politicos, governantes,ex-governantes,gerir melhor o erário publico, o estado não fazer negociatas desastrosas para o país,etc etc....e além disso as scuts eram desdo o inicio sem custos para o utilizador,mas as más gestões dos dinheiros publicos obrigaram o zé a pagar tudo e mais alguma coisa.
  • ze
    03 mai, 2024 aldeia 09:01
    É fácil compensar,basta acabar com certas mordomias dos politicos, governantes,ex-governantes,gerir melhor o erário publico, o estado não fazer negociatas desastrosas para o país,etc etc....e além disso as scuts eram desdo o inicio sem custos para o utilizador,mas as más gestões dos dinheiros publicos obrigaram o zé a pagar tudo e mais alguma coisa.

Destaques V+