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Novo máximo de infeções pode estar ligado ao "alívio" no Natal, mas números podem subir em janeiro

31 dez, 2020 - 19:19 • Lusa

Portugal termina o ano com 7.627 novos casos de infeção com o novo coronavírus. Em 24 horas morreram mais 76 pessoas.

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O abrandamento das medidas e dos cuidados na época do Natal e o maior número de contactos entre as pessoas poderão ser a explicação para o número elevado de novos contágios registados. À Lusa, um virologista e um epidemiologista assumem que "os primeiros dias de janeiro” podem trazer um novo aumento dos números.

"Este aumento que está a acontecer pode ser devido à não testagem na altura do Natal, o que eu duvido. Se não tiver esse efeito, deve-se ao maior número de contactos, são as duas possíveis explicações. O facto de ser tão grande pode dever-se ao planalto que é muito alto", defendeu Pedro Simas.

O virologista explicou que, atualmente, Portugal tem um "planalto na média diária dos 3.200 casos" o que, no seu entender, "é muito alto, é 10 vezes maior do que o planalto do verão, ou seja, nunca houve um risco tão grande de transmissão" do vírus.

"Qualquer comportamento que leve a um maior contacto entre as pessoas resulta num aumento de transmissão e de novas transmissões e agora estou preocupado, porque os números de hoje ainda são pré-Natal, portanto, o efeito Natal e Ano Novo só se vai ver em janeiro", acrescentou Pedro Simas.

No entender do epidemiologista Filipe Froes, os números desta quinta-feira, 7.627, "poderão ser um reflexo do período do Natal, altura em que muitas pessoas desvalorizaram as medidas de prevenção e controle, como o uso de máscara e o evitar ajuntamentos".

"O Natal foi há uma semana e ainda poderá haver um acréscimo de números nos próximos dias e as infeções que possam ter ocorrido no Natal, algumas ligeiras ou assintomáticas, podem dar nos dias subsequentes cadeias de transmissão", avisou.

O especialista disse acreditar que o país poderá "já estar perante o reconhecimento de novos casos, fruto da festividade do Natal e que, no fundo, era aquilo que não se queria, mas, infelizmente, aconteceu".

Filipe Froes explicou ainda que "houve pessoas a fazerem testes dias antes do Natal e, com base nesse resultado, pensaram que estariam mais seguros" e, nesse sentido, o epidemiologista considerou que "podem ter aliviado na adoção de medidas de prevenção e controlo".

"O resultado [dos testes] só é válido numa janela temporal de algumas horas e a sua realização não justificava, não impedia, não favorecia o aliviar das medidas de proteção e controlo, ou seja, os testes deram uma falsa sensação de segurança", esclareceu.

Janeiro com média superior a 8.000 casos diários

Tendo em conta os números de hoje, os dois especialistas assumiram que "os primeiros dias de janeiro vão apresentar números elevados de novos casos" e o epidemiologista prevê uma média superior a 8.000 casos diários.

"Os números de hoje devem-nos fazer refletir e temos mais um motivo para nos contermos nas festividades do ano novo e para nos contermos nos próximos dias", apelou Filipe Froes que prevê, para "mais tarde um aumento de casos em enfermaria e cuidados intensivos e, mais adiante, em número de óbitos".

Pedro Simas defendeu ainda que "a vacinação é o início do fim, mas é um percurso muito importante" e, no seu entender, "é a fase mais importante de todas e nunca houve um risco tão grande em Portugal e em todo o mundo".

"Para além de estarmos num planalto muito alto, a imunidade populacional é muito baixa. Em Portugal anda à volta dos 85% a 90% de pessoas que são suscetíveis, ou seja, o risco de transmissão é muito elevado. Nunca houve tanto risco. O primeiro trimestre é vital para salvar vidas humanas, temos de ter muito cuidado", defendeu.

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