29 out, 2020
Aquilo que aconteceu no último sábado no estádio de São Miguel, em Ponta Delgada, no decorrer do jogo entre o Santa Clara e o Sporting Clube de Portugal, não pode deixar de constituir motivo de preocupação e de reflexão.
Como se sabe, um grupo de supostos adeptos do clube visitante desatou, a determinada altura, a proferir inaceitáveis insultos dirigidos, primeiro, à colectividade açoriana, e depois, ao presidente dos leões, facto que os delegados ao jogo registaram no seu relatório e acabaram por estar na origem de uma multa de 510 euros que o Sporting terá de liquidar.
Os visados foram então assinalados como fazendo parte da Juventude Leonina, uma claque que, como todos sabemos, deixou de ser reconhecida e de ter relações com quaisquer departamentos da colectividade leonina.
Numa altura em que se reclama cada vez com mais intensidade a presença de público nos estádios futebol, o comportamento destes energúmenos representa um claro bater na tecla do retrocesso nessa pretensão, vinda de vários quadrantes.
Não apenas se estranha mas, mais do que isso, condena-se esta persistente actuação, com origem sabe-se bem em quê e manobrada por quem, que causa prejuízos ao clube e afecta a sua reputação.
Dois factos se estranham, no entanto, em tudo isto: antes de mais, como foi permitida a entrada daquela gente, quando a escassa presença de público parece tornar fácil a sua identificação, e depois, sabendo-se que a claque citada não tem existência legal, por que razão actua o Conselho de Disciplina desta maneira?
Muito melhor do que a reacção da justiça federativa teria sido a acção anterior das autoridades, no sentido de evitar espectáculo tão degradante como aquele que se tornou visível no estádio de São Miguel.
Por tudo isto, continuam a ter razão quantos entendem ser preferível o estádio José Alvalade continuar vazio, do que dar azo à presença indesejável de falsos adeptos, cujo objectivo é tão somente o de manter o clube em sobressalto e causar-lhe fartos prejuízos.