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Arcebispo de Évora pede "momentos que nos unam" e não divisão no 1 e 2 de novembro

16 out, 2020 - 18:32 • Rosário Silva

D. Francisco Senra Coelho vê “com preocupação” a possibilidade de encerrar alguns cemitérios, depois de um confinamento que não deu, sequer, oportunidade a que muitas famílias se despedissem dos seus defuntos. Declarações à Renascença, no dia em que Évora inaugurou “novo ponto de encontro”: uma livraria da Comunidade Canção Nova.

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Com a proximidade dos dias de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos, a 1 e 2 de novembro, respetivamente, o arcebispo de Évora, pede “sensatez e humanidade.”

A diocese que dirige vai seguir as orientações Conselho Permanente da CEP, do qual faz parte. D. Francisco Senra Coelho considera que “não é necessário na nossa arquidiocese fazer mais recomendações do que aquelas que já existem”, ao mesmo tempo que lembra que a Igreja “não tem responsabilidade no controle de entradas das pessoas no cemitério.”

Em declarações à Renascença, o prelado diz-se preocupado com as famílias a quem não foi possível, por causa do confinamento, acompanhar os seus defuntos.

“Eu veria com preocupação se alguma autarquia decidisse encerrar os cemitérios nesta ocasião. Deve ter-se cuidado para que não entrem mais pessoas do que as que são possíveis estar nos cemitérios, mas não me pareceria bem, que as pessoas que não tiveram oportunidade de se despedir, naquela altura, no sentido profundo do luto dos seus entes queridos, não tivessem agora a oportunidade de se aproximar das suas campas”, afirma, o arcebispo.

“Julgo que este momento exige muita sensatez, muita humanidade, a todos, aos autarcas e às pessoas que tem os seus entes queridos no cemitério”, sublinha.

Para D. Francisco, “ao cuidarmos de nós estamos a cuidar dos outros”, por isso é necessário “um sentido muito grande de integração e não de rejeição”, para que os “dias 1 e 2 de novembro, sejam momentos que nos unam e não nos dividam.”

Um outro alerta, “relevante”, vai para o arranjo das sepulturas que nestas datas são alvo de profundas limpezas e decoração própria, nomeadamente com flores, vendidas, muitas vezes, à entrada dos cemitérios.

“Não se permitam grandes aglomerados de pessoas e que haja muito cuidado”, recomenda, o arcebispo de Évora, alegando que “nos nossos cemitérios montam-se, por vezes, uma espécie de feiras de flores onde se juntam muitas pessoas”.

As autoridades “devem estar atentas”, mas “sem recusar a ninguém o acesso, fazendo apenas que este seja seguro, pois é uma maneira de sermos povo e de vivermos em comunidade”, acrescenta.

Um “salto na espiritualidade” da cidade de Évora

Estas declarações à Renascença, foram feitas à margem de um “momento alto” para a arquidiocese. O responsável pela Igreja diocesana inaugurou, na cidade de Évora, uma livraria temática da responsabilidade da Comunidade Canção Nova, que inicia agora o seu percurso no Alentejo.

“É uma livraria que não tem por fito apresentar estatísticas, até porque é uma livraria temática, só católica, e ter este espaço onde a pessoa se pode encontrar e saber que há alguém disponível nas horas de atendimento normal, é uma bênção e eu acredito que Évora vai saber apreciar esta proposta”, declara, D. Francisco Senra Coelho.

Em pleno centro histórico, a nova livraria pretende ser um espaço de encontro, mas também de acompanhamento.

“Há muitas pessoas que ao comprar um livro vão procurar uma luz, vão procurar uma resposta, alguma coisa que lhe preencha um vazio. E o livro pode ser motivo para um diálogo, para uma conversa, e essa é a pedagogia da Canção Nova”, refere o arcebispo.

Situada na Rua da Misericórdia, na cidade-museu, além das largas dezenas de artigos religiosos que disponibiliza aos visitantes, oferece, também, outro tipo de serviços, onde não faltam alternativas para os mais pequenos.

“Numa altura em que tudo se paga, tudo tem um preço, deixar, por exemplo, a criança por uns momentos neste espaço onde pode ler ou desenhar, é pura gratuidade e profunda disponibilidade, de acolhimento, de humanização”, salienta, ao mesmo tempo que não tem duvidas quanto à “dádiva e salto na espiritualidade da cidade de Évora”, que constitui a nova livraria.

Paredes meias com a loja, fica a pequena capela de S. Manços, há muito fechada ao culto, e que agora volta a abrir portas, para quem deseje orar e até conversar com um sacerdote, sempre que isso seja possível.

“É uma semente que é lançada à terra”, sublinha, à Renascença, o responsável pela Igreja eborense, e que “vai cruzar o olhar de uma livraria, com o olhar de Évora, uma cidade que tem um grande sentido do humano, uma grande capacidade de apreciar a beleza e que é muito exigente com a verdade.”

A Canção Nova é uma comunidade de vida e aliança fundada pelo Monsenhor Jonas Abib na cidade de Queluz, São Paulo, no Brasil, em 1978, a partir do apelo feito na Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” do Papa Paulo VI para a evangelização.

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