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Greve dos jogadores suspendeu MLB durante 99 dias nos Estados Unidos. E em Portugal, há basebol?

12 mar, 2022 - 09:30 • Eduardo Soares da Silva

Disputa entre sindicato de jogadores e liga suspendeu início da temporada de basebol nos Estados Unidos. Do outro lado do Atlântico é desporto-rei, mas como está o basebol em Portugal?

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A MLB, o principal campeonato de basebol americano, enfrentou um enorme impasse com a disputa entre sindicato de jogadores e liga. O início da temporada foi adiado e o conflito resolveu-se depois de 99 dias de paralisação total.

Os clubes adiaram o início da preparação para a temporada e o mercado de transferências esteve parado durante as negociações do acordo coletivo para os jogadores, que definem as bases dos contratos dos atletas. Esta foi a segunda maior paralisação da história da modalidade.

O novo de acordo de cinco anos prevê um aumento do salário mínimo para os jovens atletas e aumenta os incentivos à competição.

Uma das exigências dos jogadores era reduzir as vantagens do "tanking", ou seja, perder de forma premeditada. Quanto pior a classificação de uma equipa melhor as escolhas do "draft" do ano seguinte, onde se escolhem os maiores talentos universitários.

A certa altura da temporada, já sem hipótese de lutar pelo título, as equipas desinvestiam e perdiam de propósito, o que no entendimento dos jogadores era um dos grandes problemas da organização da MLB.

Fenway Park, um dos principais estádios de basebol, em Boston. Foto: Reuters
Fenway Park, um dos principais estádios de basebol, em Boston. Foto: Reuters
Red Sox em ação na MLB. Foto: Reuters
Red Sox em ação na MLB. Foto: Reuters
Los Angeles Dodgers vencem a MLB Foto: Kevin Jairaj/USA TODAY Sports/Reuters
Los Angeles Dodgers vencem a MLB Foto: Kevin Jairaj/USA TODAY Sports/Reuters
Estádio dos Pittsburgh Pirates vazio. Foto: REUTERS/Danny Moloshok
Estádio dos Pittsburgh Pirates vazio. Foto: REUTERS/Danny Moloshok

"Eles querem melhorar as condições de trabalho para os jovens que estão nas ligas menores. É o principal aspeto, há outras exigências, mas a principal era melhorar o ordenado mínimo dos jogadores da 'Minor League'", começa por explicar Carlos Tavares, diretor de competições da Federação Portuguesa de Basebol, em entrevista à Renascença.

Com este acordo, o basebol poderá voltar à normalidade pela primeira vez desde 2019, depois de as duas últimas temporadas terem sido muito afetadas pela pandemia.

Carlos Tavares acredita que este tipo de paralisações apenas acontece no desporto norte-americano, em que tudo está centralizado na liga: "Acho que é impossível acontecer [na Europa]. Falamos de desporto americano, são modalidades em que existem sistemas universitários, os jogadores chegam todos pelo 'draft', não há formação. Não dá para fazer um paralelismo às modalidades europeias".

O campeonato não vai arrancar a 31 de março como inicialmente previsto, mas está tudo pronto para que a MLB arranque no dia 7 de abril.

Há basebol em Portugal?

Do outro lado do Atlântico o basebol rivaliza em audiências com o basquetebol e o futebol americano. E em Portugal, pratica-se basebol? Carlos Tavares responde rapidamente: "O basebol já chegou a Portugal e está cá desde a década de 90".

No entanto, ainda não se afirmou como modalidade relevante no nosso país. Porquê?

"Para quem está a assistir e não conhece a modalidade não é fácil de perceber onde está o espetáculo no basebol. É muito tático. O futebol americano tem o râguebi europeu, que tem expressão e puxa para a NFL, e o basquetebol também está bem cimentado na Europa. Isto facilita chegar ao público europeu", começa por dizer.

Em Portugal, joga-se basebol durante todo o ano. Há campeonato e taça num desporto com cerca de 250 praticantes "totalmente amadores". "Os jogadores pagam tudo do seu bolso. Alguns clubes têm um ou outro patrocínio e alguns apoios das câmaras", explica.

A liga está dividida em dois campeonatos regionais. A norte, jogam o Feirense, os Piratas da Ria, em Aveiro, os Falcons do centro luso-venezuelano de Nogueira da Regedoura, os Highlanders de Gondomar e os Rivers de Estarreja. A sul, os White Sharks de Almada, o clube mais antigo em Portugal com 20 anos, os Capitals de Lisboa, os Crusaders de Cascais e os Ravens de Loulé.

Depois de dois anos em que a pandemia afetou profundamente o basebol português, a competição regressa a 2 de abril à normalidade.

"Esta época teremos os 16 jogos na temporada regular e depois os 'play-offs'. Há ainda a Taça Cidade de Abrantes, que é jogada entre outubro e novembro. Em 2020 não houve competição e em 2021 fizemos uma prova abreviada. A DGS [Direção-Geral da Saúde] considerou o basebol desporto de baixo risco, fizemos uma competição pequena", explica.

Portugal tem "cerca de 250 praticantes em nível sénior, mais uns 150 atletas na formação", mas as dificuldades são óbvias, a começar pelos campos, com medidas específicas. Só os "play-offs" são jogados num recinto de basebol, em Abrantes, o único em Portugal.

"Abrantes acolhe o basebol e a federação. A câmara disponibiliza o campo, que é usado nos 'play-offs' e na Taça. As equipas jogam em campos de futebol, adaptados com as medidas do basebol", atira.

Faltam apoios para que o basebol possa crescer: "O apoio que temos tido é da Câmara de Abrantes maioritariamente. Temos boas relações no Comité Olímpico e IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude], mas desde que a Federação perdeu o estatuto de utilidade pública em 2013 que os apoios escasseiam", reconhece Carlos Tavares.

O basebol quer crescer e ganhar expressão em Portugal, mas ainda "falta visibilidade". Os filmes e as séries americanos têm convencido o povo português, defende Carlos Tavares, que prevê um crescimento da modalidades nos próximos anos.

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