26 out, 2020 - 18:54 • Ana Rodrigues
Dececionados com a proposta de Orçamento do Estado para a Defesa, as três associações representativas dos militares falam agora a uma só voz contra a proposta do Governo.
Em comunicado conjunto, os representantes dos oficiais, sargentos e praças criticam o documento do OE 2021, que dizem ser “dececionante, falho em soluções, vazio e cheio de desprezo” para com a classe.
A proposta governamental apresentada pelo ministro das Finanças, João Leão, contempla menos 72,8 milhões de euros para despesas correntes, menos 570 mil euros em subsídios e mais de um milhão de euros para despesas com pessoal, incluindo admissões, promoções e progressões na carreira.
As medidas, diz à Renascença o presidente da Associação Nacional de Sargentos, Lima Coelho, “mostram que mais uma vez não se apresentam soluções para os problemas reais dos militares, esquecendo-se a essência e o fator humano”.
“É o caso do recrutamento e a retenção nas fileiras, as promoções, e as progressões, para além da contínua desvalorização acentuada do valor do trabalho dos militares”, acrescenta.
Bastante críticos das propostas do Governo para as Forças Armadas, as associações militares deixam ainda críticas ao Presidente da República.
“Marcelo Rebelo de Sousa nas cerimónias oficiais é sempre muito elogioso quanto ao papel dos militares nas missões internacionais, mas esquece-se de que são os mesmos que estão no continente e nas ilhas”, acusa Lima Coelho.
Para além disso, lembra este responsável, “o Presidente da República durante a campanha eleitoral defendeu que as carreiras dos militares deviam ser equiparadas a outras, como as dos juízes, mas depressa se esqueceu” dessa promessa.
Perante este cenário, as associações de praças, sargentos e oficiais têm uma reunião na próxima quinta-feira para decidir futuras ações a tomar, tendo insistido nesta segunda-feira num pedido de audiência ao primeiro-ministro, António Costa. O chefe do Governo, segundo Lima Coelho, já respondeu ao pedido, "remetendo os documentos para o Ministério da Defesa".