A+ / A-

“Se o genocídio continua, o povo está na rua." Milhares manifestam-se em Lisboa a favor da Palestina

11 mai, 2024 - 22:30 • Alexandre Abrantes Neves

Houve quem protestasse por "Humanidade" e quem marcasse presença para "dar um exemplo aos filhos". No desfile que encheu as ruas da baixa lisboeta, ouviram-se muitos pedidos para o governo português "endurecer" a postura perante Israel.

A+ / A-
Reportagem Alexandre Abrantes Neves - Manifestação pró-Palestina
Ouça aqui a reportagem da Renascença. Foto: António Cotrim/Lusa

“Se o genocídio continua, o povo está na rua." Milhares de pessoas saíram às ruas este sábado em Lisboa com uma única garantia: não vão parar de protestar, enquanto continuar o conflito no Médio Oriente.

No desfile que começou na Praça José Saramago, à frente do Campo das Cebolas, havia de tudo: famílias completas, turistas, estreantes e até quem admita que não falha uma manifestação a favor da Palestina desde o reacendimento do conflito, em outubro do ano passado. Catarina Leandro é uma delas. Subiu o Chiado até à Praça do Martim Moniz acompanhada dos filhos pequenos – e foi por eles que decidiu vir a mais um protesto.

“Saí de casa hoje, primeiro porque são pessoas como nós que estão a sofrer com este genocídio. E, depois como mãe de 3 crianças, custa-me imenso ver que 15 mil crianças já morreram. E custa-me ainda mais que o mundo não esteja a fazer nada para parar isto”, lamenta.

Depois de falar com a Renascença, Catarina aproveita uma das várias sombras na Praça do Martim Moniz. Não muitos metros ao lado, encontramo-nos com Mariano Cabaço. É a primeira vez que vem a um destes protestos e fá-lo porque considera uma “vergonha para Humanidade” que vários países continuem “condenam os ataques de Israel, mas, por outro lado, a fornecer armas”.

Maria Jerónimo de 18 anos prefere não comentar a dimensão política. É uma das muitas caras jovens que se veem no desfile – uma presença em força de gerações mais novas que lhe “traz esperança”. Quando lhe perguntamos porque ergue uma bandeira da Palestina, é rápida a responder: “por Humanidade”.

Tem muito a ver também com Humanidade e empatia. Aqui não tem nada a ver com a política, não tem nada a ver com antissemitismo. É expressar solidariedade com um povo onde 35 mil pessoas morreram e outras tantas continuam a morrer, para além das pessoas desaparecidas, torturadas e completamente martirizadas”, detalha.

"Genocídio também é responsabilidade do Ocidente"

A praça do Martim Moniz vai enchendo, à medida que os representantes do Conselho Português para a Paz e Cooperação e do Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano e pela Paz no Médio Oriente já discursam no palco montado de costas para a Avenida Almirante Reis. A imagem enche-se de bandeiras verdes, vermelhas e brancas e, quando nos aproximamos de um grupo de manifestantes, raras são as vezes em que não vemos um pin de uma melancia preso nas camisolas.

Acompanhado da esposa, José Sousa segura uma faixa de apoio à Palestina. Não é novo nestas lides, já “pouco o surpreende”, mas não deixou de ver com “preocupação” o avanço das tropas de Telavive para Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Por isso, pede ao governo português para "endurecer" a postura perante Israel - "condenando" mais a investida militar e "lutando em alta voz" pela solução dos dois Estados.

“Eu acho que o Governo português tem de começar a pensar nessas manifestações e nessas demonstrações, não só aqui, como também aquelas estão a acontecer nas faculdades. Se calhar, aquilo que estão a defender não está alinhada com a solidariedade que se encontra nestas manifestações, com tantas pessoas”, defende.

Já o sol começa a descer entre os edifícios que circundam a praça do Martim Moniz quando falamos com Arturo Rodriguéz. É espanhol, vive em Portugal há vários anos e é rápido a fazer um diagnóstico do conflito: o Ocidente também é responsável.

O avanço das tropas israelitas é um genocídio, mas também é responsabilidade do Ocidente, porque a maquinaria militar israelita colapsaria sem o apoio que lhe damos. Tudo isto é sinal da polarização da sociedade, a meu ver provocada pelo capitalismo, e que se revela também na injustiça da habitação ou no clima, por exemplo”, remata.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+