26 set, 2020 - 12:01 • Sandra Afonso
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, garante que “em Portugal quem decide são os portugueses”.
É esta a resposta da diplomacia portuguesa ao embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, que, em entrevista ao jornal "Expresso", defendeu que Portugal tem de decidir entre os "amigos e aliados" Estados Unidos e o "parceiro económico" China, sendo que há contrapartidas em matéria de Defesa, se a escolha for a China em questões como o 5G.
Ouvido pela Renascença, Augusto Santos Silva, avisa que decisões deste género cabem aos portugueses.
“As decisões em Portugal são tomadas pelos portugueses, pelas autoridades portuguesas, nos termos da Constituição e da lei. São tomadas de acordo com os valores humanistas e democráticos que nos caracterizam, de acordo com os nossos interesses nacionais, de acordo com os processos de concertação no seio da União Europeia que sejam pertinentes e de acordo com o sistema de alianças em que nós nos integramos”, afirma.
Sem nomear empresas, o ministro dos Negócios Estrangeiros lembra ainda ao embaixador George Glass que o Governo não intervém nas empresas privadas e que o investimento estrangeiro é bem-vindo. No entanto, quando estão em causa questões do domínio da defesa, não podem contar só critérios monetários.
"As escolhas fundamentais do país são pela democracia política, por uma economia de mercado aberta, em que o Governo não dá ordens às empresas e o investimento estrangeiro é bem-vindo, desde que contribua para a economia e respeite a lei", diz o governante.
Santos Silva acrescenta que "são também escolhas que fazem com
que nós saibamos bem que, quando estão presentes questões de segurança nacional
e de defesa colectiva, os critérios de avaliação dos investimentos não podem
ser apenas económicos".
O ministro dos Negócios Estrangeiros garante ainda que os Estados Unidos conhecem muito bem a posição de Portugal e que há “uma relação muito próxima com os Estados Unidos”.
“Cooperamos e interagimos muito bem e, portanto, as posições de Portugal e dos Estados Unidos, que são aliás convergentes nos pontos essenciais, são bem conhecidas de ambos os países”, assegura.