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Covid-19

Vacina da AstraZeneca. “Suspensão é bom sinal”, diz especialista

09 set, 2020 - 10:02 • Sofia Freitas Moreira , Celso Paiva Sol

Farmacêutica britânica suspendeu a terceira fase dos ensaios clínicos após reação adversa de um voluntário. Mas o vice-diretor do Instituto de Medicina Molecular considera esta vacina "uma das principais hipóteses de vacinação para a Covid-19”.

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“A suspensão para analisar o perfil de segurança mais detalhadamente é um bom sinal”, defende o vice-diretor do Instituto de Medicina Molecular, Bruno Santos, em relação à interrupção dos ensaios clínicos da vacina contra a Covid-19 da farmacêutica AstraZeneca.

A decisão de suspender os testes da vacina mais promissora para combater o novo coronavírus foi tomada após suspeitas de uma reação adversa grave num dos voluntários.

Em declarações à Renascença, o especialista diz que a suspensão significa que os ensaios estão a ser feitos de uma forma controlada, ao contrário de outras vacinas, em que não houve tanta preocupação em controlar todos os passos de segurança até uma possível aprovação.

“Não vejo isto com maus olhos, pelo contrário. Deve ser assim, bastante regulado”, considera o vice-diretor, que espera que em breve os ensaios clínicos retomem, por esta ser “uma das vacinas mais avançadas e uma das principais hipóteses de vacinação para a Covid-19”.

Os testes encontravam-se na fase três, a última antes da homologação do fármaco. Não é conhecida a natureza da reação adversa, nem o período em que terá decorrido, mas o site de notícias avança que o participante afetado deverá recuperar.

“Nós sabemos que o benefício terapêutico para o doente é superior aos efeitos adversos, mas isso não quer dizer que não haja uma percentagem pequena de doentes que têm efeitos adversos até graves, como foi o caso deste indivíduo”, explica o especialista.

O Infarmed está a acompanhar a situação, mas lembra que os testes estão a ser realizados em quatro continentes, abrangendo dezenas de milhares de pessoas.

A AstraZeneca anunciou, na terça-feira, a suspensão da terceira fase dos ensaios clínicos da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica britânica, em conjunto com a Universidade de Oxford.

A notícia foi avançada pelo Stat News, que cita um comunicado da empresa britânica. "Trata-se de um procedimento de rotina que é aberto sempre que há uma potencial doença inexplicável durante um ensaio, para que possa ser investigado, assegurando a integridade dos ensaios", refere um porta-voz da farmacêutica na nota.

Não se sabe ainda quanto tempo vai durar a suspensão dos ensaios que estavam a ser feitos desde a fase 1 em 62 locais nos Estados Unidos. Brasil, África do Sul e Reino Unido, onde a reação adversa foi identificada, receberam ensaios das fases dois e três.

O Stat News avança que não se sabe quem ordenou a decisão, embora exista a possibilidade de que os ensaios tenham sido interrompidos voluntariamente pela AstraZeneca e não por um regulador do setor.

A suspensão temporária dos testes de vacinas não são uma prática incomum. Atualmente, existem nove vacinas candidatas contra a Covid-19, na terceira fase dos ensaios clínicos.

"Em testes de larga escala, surgem muitas vezes doenças que devem ser revistas independentemente e com cuidado", explica um porta-voz da Universidade de Oxford à BBC.

Segundo o editor de saúde da BBC, Fergus Walsh, esta é a segunda vez que os testes desta vacina são suspensas. Segundo a mesma fonte, os ensaios poderão ser retomados dentro de poucos dias.

Corrida à vacina para a Covid-19. Mais duas candidatas na fase final de testes
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  • Cidadao
    09 set, 2020 Lisboa 14:03
    Ou seja, não esperem esta vacina, antes do Inverno de 2021, na melhor das hipóteses. Mas claro: segurança antes de tudo.
  • Ivo Pestana
    09 set, 2020 Funchal 13:35
    É assim no princípio, mas depois será uma boa vacina. Boa sorte, o mundo espera isso.
  • André
    09 set, 2020 Sesimbra 12:47
    A razão é a mesma porque 3 outras também tiveram de suspender os testes: As vacinas estão a provocar princípios de enfartes do miocárdio, quando interagem com Ibuprofeno, pelo menos 9 dias depois da vacina ser administrada. Este último caso, foi a repetição do anterior: um dos testados tomou um simples comprimido para uma dor que teve, gerando uma arritmia forte que o levou a ser internado para controlar a situação. Algumas das proteínas usadas nas vacinas, estarão a exagerar na capacidade de acção quando existe a toma de Ibuprofeno. Existem muitas soluções como reduzir a quantidade da vacina ou proibir de tomar qualquer produto que tenha ibuprofeno, na sua constituição, até ao 30 dia após a toma da vacina.

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