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Helpo

Arranca este mês campanha para apoiar deslocados internos de Moçambique

03 set, 2020 - 17:18 • Redação

A ONGD Helpo denuncia uma crise humanitária que se agravou depois da passagem do ciclone Kenneth, em 2019, e, mais recentemente, com o recrudescimento do conflito armado na província de Cabo Delgado. A campanha decorre entre os dias 5 e 14 de setembro.

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De 5 a 14 de Setembro decorrerá uma campanha de angariação de fundos em 418 lojas Pingo Doce, em todo o país, com o principal objetivo de financiar a resposta à emergência no apoio aos deslocados internos em Moçambique.

Com o mote “Sem escola, a infância pesa mais”, a campanha promovida pela organização não-governamental para o desenvolvimento (ONGD) Helpo convida os clientes das lojas do grupo Jerónimo Martins a contribuírem com 1, 3 ou 5 euros para tornar mais fácil a educação das crianças moçambicanas.

Com a crise humanitária que atinge Cabo Delgado, são cerca de 4 mil novas crianças em idade escolar que têm de enfrentar um novo ano lectivo em condições dramaticamente adversas e a quem o apoio da Helpo terá de chegar.

O Coordenador Nacional da Helpo em Moçambique adianta que este ano, devido à pandemia de Covid-19, a organização não contará com o habitual apoio dos voluntários nos supermercados.

“Quando pedimos ajuda aos portugueses, os portugueses estão sempre presentes e estão sempre connosco e acreditamos que esta campanha de recolha de fundos vai correr muito bem”, afirma Carlos Almeida.

O contributo dos portugueses concretiza-se na aquisição de vales que permitem comprar lanches, mochilas e manuais escolares para estas crianças. Nas comunidades mais pobres do norte de Moçambique, região em que a Helpo trabalha desde 2008, um simples lanche, distribuído na escola, pode ser o incentivo necessário para levar uma criança às aulas diariamente. Aqui, é comum não existir um único manual escolar, nem sequer para o professor. Nestas comunidades, onde muitas crianças têm de fazer vários quilómetros a pé para chegar à escola, uma mochila pode fazer toda a diferença.

Desde Fevereiro, a Helpo tem apoiado com kits alimentares, roupa e material escolar várias aldeias e instituições sociais em Cabo Delgado que estão a receber deslocados internos, e tem no terreno, desde Julho, nas comunidades de Cabo Delgado e Nampula onde intervém há mais de 10 anos, uma acção de emergência junto destas populações que fogem dos ataques armados, que se materializa no apoio a crianças, grávidas e lactantes com rastreios e acompanhamento nutricional e kits de sobrevivência, compostos por bens alimentares, utensílios de cozinha, material de higiene e roupa.

O conflito armado na província de Cabo Delgado já provocou mais de 250 mil deslocados internos, das quais 16.102 se refugiaram nas comunidades de Silva Macua, Mahera, Impire, Ngoma, Mièze (Cabo Delgado) e Namialo (Nampula), onde a Helpo começou a intervir em 2009.

Plano de Intervenção Helpo no apoio aos Deslocados Internos

Esta campanha é um complemento ao plano de emergência que a Helpo tem em marcha desde Julho.

Fase 1 - Ajuda humanitária/alívio do sofrimento

- Caracterização das famílias através de cadastro interno com vista à proteção das pessoas e defesa dos direitos das crianças;

- Rastreios nutricionais a toda a população de grávidas e crianças até aos 2 anos de idade, entre a população deslocada;

- Encaminhamento médico da população em risco para a reabilitação nutricional nos postos de saúde e de acordo com o protocolo vigente no país, e devido acompanhamento;

- Entrega de kit alimentar de sobrevivência para agregado familiar de 5 pessoas para um mês (50 kg de cereal, 5 kg de feijão, 5l de óleo, 2 kg de açúcar, 1 kg de sal, 2 barras de sabão, 2 máscaras comunitárias);

- Entrega de bens essenciais por agregado familiar (roupa, mantas e loiças).

Fase 2 - Integração das famílias deslocadas nas estruturas formais existentes na comunidade envolvente

- Apoio personalizado à emissão de documentos;

- Articulação com as entidades competentes para a inscrição das crianças em idade escolar, na escola;

- Criação e execução de sistema de acompanhamento e incentivos para a permanência das raparigas menores de idade na escola (de forma a evitar a violência de género, violência de idade, venda, casamento prematuro, etc);

- Formação e apoio nutricional através da escola.

Pode acompanhar o trabalho desta ONGD aqui.

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