31 ago, 2020 - 18:30 • João Paulo Ribeiro
Mário Branco foi o homem forte do futebol do emblema do PAOK durante as duas últimas temporadas e em entrevista a Bola Branca, considera que o sucesso ou insucesso do Benfica na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões vai depender de como a equipa de Jorge Jesus se apresentar na hora da eliminatória decidida a uma só mão.
Conhecedor profundo dos meandros do PAOK, o dirigente de 44 anos considera que há um ponto forte em que os gregos superam os encarnados. Mas esse ponto não belisca o favoritismo teórico que o Benfica tem nesta ronda.
"O Benfica é favorito na eliminatória mas resta saber como se vai apresentar daqui a quinze dias em Salónica. Será o primeiro jogo oficial do Benfica enquanto que o PAOK já realizou a partida com o Besiktas", diz nesta entrevista a Bola Branca.
O clube grego manteve a estrutura do plantel, a equipa técnica liderada por Abel Ferreira também é a mesma e, nessa perspetiva, a eliminatória vai decidir-se pela forma como o Benfica se vai apresentar: "O PAOK teve menos mexidas que o Benfica e isso é importante. Se a eliminatória fosse duas semanas ou um mês mais tarde, com os princípios de Jorge Jesus mais apreendidos pelos jogadores, o Benfica seria ainda mais favorito", refere.
O Benfica tem a balança a seu favor, mas num "indesejado" desfecho do sorteio realizado esta manhã para ambas as equipas. Para o Benfica, havia três possibilidades: PAOK, Rapid Viena ou AZ Alkmaar. Saiu a "fava" às águias, mas também saiu ao emblema grego.
"Era o sorteio indesejado pelos dois. Certamente, o Benfica estaria menos preocupado se tivesse saído no sorteio o Rapid de Viena ou o AZ Alkmaar. E o mesmo pensará o PAOK", acrescenta Mário Branco.
Pouco acessível, como a história tem ditado, é o ambiente hostil e fervoroso no estádio Toumba, em Salónica, onde o Benfica ditará muito do sucesso da época. O PAOK nunca esteve na Liga dos Campeões e depois da eliminação do Besiktas, os adeptos estão ainda mais eufóricos do que o habitual.
"Por razões políticas e culturais, existe uma grande rivalidade entre clubes turcos e gregos e, depois do PAOK ter eliminado o Besiktas, reina, neste momento, alguma euforia em Salónica. A verdade é que o PAOK nunca conseguiu entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões e existe uma grande vontade que tal aconteça", diz, antes de recordar o jogo frente ao Benfica há duas temporadas.
"Eu recordo que há dois anos, quando eu cheguei, o PAOK foi eliminado pelo Benfica no play-off da Champions. Este ano, por força da pandemia, as equipas menos preparadas e com menos condições, como o PAOK, podem ter mais possibilidades de alcançar esse objetivo porque a eliminatória é decidida num jogo único, na segunda e terceira pré-eliminatórias. E, como sabemos, num jogo tudo pode acontecer", considera Mário Branco.
O diretor-desportivo português terminou, recentemente, contrato com o
PAOK, após ter alcançado todos os objetivos. A saída processou-se numa altura
em que havia a perspetiva de voltar a trabalhar em Portugal, onde dirigiu, com
sucesso, o Estoril entre 2012 e 2016. Chegou a aventar-se a possibilidade
Sporting mas Mário Branco esclarece que foi outro destino que acabou por não se
concretizar.
"Tinha a perspetiva de voltar ao futebol português mas as coisas não aconteceram da forma que eu queria. Neste momento, estou disponível para novos projetos. Se for em Portugal, melhor, mas se não houver espaço aqui, terei de emigrar, de novo. Falou-se do Sporting mas não era esse o clube que eu iria representar aqui, por questões éticas não vou revelar qual era. Se o Sporting seria uma boa opção para mim? Para um português que tem alguma experiência nacional e internacional, qualquer um dos clubes grandes seria uma boa opção", concluiu.