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​África oficialmente declarada livre da poliomielite, mas "batalha ainda não acabou"

25 ago, 2020 - 15:06 • Redação com agências

As campanhas de vacinação de bebés e crianças reduziram drasticamente o número de casos a nível mundial nas últimas décadas, mas a “pólio” continua a ser endémica no Afeganistão e no Paquistão.

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O continente africano foi oficialmente declarado, esta sexta-feira, livre da poliomielite, depois de décadas de esforços para erradicar uma doença incapacitante e mortal nos casos mais graves.

A certificação, anunciada durante uma vídeoconferência da Organização Mundial da Saúde (OMS) esta terça-feira, significa que os 47 países da região africana conseguiram erradicar a doença viral que não tem cura, mas cuja vacina – a primeira versão começou a ser usada em 1955 - protege a população para toda a vida.

Numa cerimónia transmitida virtualmente, durante a reunião virtual da 70.ª sessão do comité regional da OMS para a África, através da qual se puderam ouvir os aplausos dos participantes, os membros da Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite apresentaram o certificado devidamente assinado.

O documento atesta que a região está livre da transmissão do poliovírus.

Visivelmente emocionada, a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, disse que este é “um exemplo do poder da solidariedade”.

“É uma das maiores honras da minha vida presidir a esta cerimónia de certificação”, afirmou Moeti, ressalvando que “a batalha ainda não acabou”.

Por seu lado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que este é “um dia de celebração e esperança”

Segundo a OMS, mais de 1,8 milhões de crianças foram salvas desta doença. Apenas há uma década, a poliomielite paralisava 75.000 crianças por ano.

“Reunimo-nos para nos regozijarmos por um sucesso histórico na saúde pública. Este feito histórico só foi possível devido ao poder da parceria”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, recordando o empenho de Nelson Mandela, que se envolveu no combate a esta doença, tal como o fez em relação a outras doenças.

“Um futuro sem poliomielite pode ter parecido uma vez impossível. Mas, nas palavras de Nelson Mandela, quando as pessoas estão determinadas, podem ultrapassar tudo”, acrescentou.

Mandela foi igualmente recordado pelo Presidente da Nigéria, o último país a assistir à erradicação da poliomielite em África, que se congratulou pelo feito, afirmando que este é de uma grande importância, “não só para os nigerianos, mas para todos os africanos”.

O que é e como se combate a poliomielite?

As crianças até aos cinco anos de idade são as mais vulneráveis à doença, que ataca o sistema nervoso e que pode provocar paralisia irreversível no espaço de poucas horas.

A Nigéria, que há dez anos registava mais de meio milhão de casos, foi o último país africano a ser declarado livre da poliomielite.


O avanço aconteceu depois de uma vasta campanha de vacinação, que contou com o apoio de personalidades como Bill Gates, fundador da Microsoft.

A campanha chegou às zonas mais remotas e perigosas do país. Alguns funcionários foram assassinados em ataques de grupos extremistas, como ainda acontece no Afeganistão e no Paquistão, onde a "pólio" continua a ser endémica.

Quatro anos depois dos últimos casos registados na Nigéria, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a região livre da poliomielite. Mais de 95% da população do continente africano está agora imunizada.

As campanhas de vacinação de bebés e crianças reduziram drasticamente o número de casos a nível mundial nas últimas décadas, mas a doença ainda não foi erradicada a nível global.

“Até que o poliovírus selvagem seja erradicado em todo o mundo, continua a ser um risco em todo o lado”, lembra Michael Galway, especialista da Fundação Bill e Melinda Gates, em declarações à agência Reuters.

[atualizado às 18h30]

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