21 ago, 2020 - 14:19 • Redação
Veja também:
Grupos mais vulneráveis e cuidadores na área da saúde e setor social são as duas prioridades numa futura campanha de vacinação contra a Covid-19, revelou esta sexta-feira a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.
Em conferência de imprensa, Graça Freitas começou por explicar que, como aconteceu na pandemia da Gripe A, especialistas em vacinação, doenças infeciosas, em farmácia e virologia vão definir os grupos prioritários para a vacinação, tendo em "primeira linha de consideração o tipo de vacina e as características da vacina".
As farmacêuticas ainda estão a desenvolver as vacinas e essa informação ainda não é conhecida, salientou.
"Quando tivemos essa informação, então encontraremos as prioridades. De qualquer maneira, posso dizer que há dois tipos de prioridades que são sempre estabelecidas: a prioridade para os grupos mais vulneráveis, obviamente, as pessoas que mais vão beneficiar da vacina serão vacinadas em primeiro lugar", explica a responsável da DGS.
"Depois, a prioridade para os cuidadores. É muito importante que quase se está numa epidemia, os profissionais de saúde e outros cuidadores na área da saúde e na área social estejam saudáveis para poder prestar cuidados", sublinha.
À medida que as vacinas forem chegando, será feito o escalonamento e o processo de vacinação será realizado com esses "critérios de prioridade", explica a diretora-geral da Saúde.
"Depois temos a questão se é uma ou duas doses, porque depois isso também implica que cada um dos grupos seja revacinado", adianta.
Questionada pela Renascença, a diretora-geral da Saúde abre a possibilidade de uma futura vacina ser de toma obrigatória. A lei portuguesa permite fazê-lo, mas a responsável não fecha a decisão, e deixa-a para depois de se perceber qual o grau de eficiência.
O Governo aprovou na quinta-feira a aquisição de 6,9 milhões de doses de uma potencial vacina contra a Covid-19, num investimento de 20 milhões de euros. O primeiro-ministro, António Costa, garante que a vacina será gratuita e universal.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, abre a p(...)
Trabalhar com "antecipação" num cenário de "incerteza"
Na mesma conferência de imprensa, o presidente do Infarmed, Rui Ivo, advertiu que o processo das vacinas para a Covid-19 "está a ser feito com muita antecipação tendo em conta a fase de desenvolvimento das vacinas" e diz que está a trabalhar num cenário de "incerteza".
"Duas notas importantes: uma tem a ver com a incerteza com que estamos a trabalhar. Todos os dias temos novas informações neste domínio. Ao estarmos a desenvolver estes processos com muita antecipação temos de estar preparados para aquilo que eles podem significar em termos de uma vacina chegar mais depressa e outra menos depressa. Uma pode não chegar e chegar outra que não estávamos a contar que chegasse."
Nesta altura, estão em desenvolvimento 165 vacinas no mundo e 26 estão mais adiantadas, na chamada fase clínica 1, 2 ou 3. "As que estão em fase 3 são aquelas que estão a ser negociadas mais intensamente a nível europeu, referiu Rui Ivo.
Conselho de Ministros disponibiliza 20 milhões par(...)
Os mais otimistas dizem que uma vacina pode estar disponível no final do ano, mas ainda não existe uma data concreta e o processo pode demorar mais tempo.
O presidente do Infarmed considera que há "três fatores muito importantes" a ter em conta: "um tem a ver com o tempo. Quando vamos dispor das vacinas? O segundo tem a ver com as características dessas vacinas. Depois há um terceiro que tem a ver com as condições de acesso a essas vacinas".
O processo em curso visa criar um portefólio de opções para dar resposta a estratégias nacionais de vacinação. "Teremos que ter vacinas em determinados prazos. As vacinas não vão surgir todas ao mesmo tempo. Teremos a primeira, depois teremos vacinas de características diferentes que podem ser direcionadas para grupos de população diferentes, e também em termos de quantidades, de condições de fornecimento que temos de ter em atenção", defende Rui Ivo.
Portugal regista mais quatro mortes e 219 casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, indica o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Desde a chegada da pandemia ao país, no início de março, estão confirmados 1.792 óbitos e 55.211 infeções pelo novo coronavírus.
MAPA DA COVID-19