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Eustáquio com futuro em aberto. "Não volto para o México e ainda não tenho destino"

13 ago, 2020 - 12:45 • Eduardo Soares da Silva

Em entrevista a Bola Branca, o médio mostra-se feliz por voltar a ganhar ritmo e mostrar qualidade no Paços de Ferreira, depois de quase um ano a recuperar de uma grave lesão no joelho. O grande objetivo de representar um grande continua bem presente, numa altura em que o jogador está livre para negociar com qualquer clube.

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Stephen Eustáquio, médio de 23 anos, terminou o empréstimo no Paços de Ferreira, mas já sabe que não voltará ao Cruz Azul, clube a quem pertence o seu passe. Em entrevista a Bola Branca, o internacional canadiano revela que aguarda por propostas, e não esconde o sonho e objetivo de chegar a um dos grandes.

"Para já não se segue nada, ainda não tomei nenhuma decisão, mas a verdade é que não volto para o México e não tenho destino. Vamos ver o que aparece nos próximos dias, posso ir para qualquer clube, por empréstimo, ou uma venda", começa por revelar.

Depois de ter representado Chaves e Paços de Ferreira, na I Liga, para além de Leixões e Torreense, Eustáquio não fecha as portas a voltar a jogar no estrangeiro. Quer seja em Portugal ou além-fronteiras, a preferência do médio é uma equipa que jogue futebol de posse.

"A prioridade é um clube em que o treinador jogue com as minhas características, um futebol de posse em ataque organizado, seria uma mais-valia. Em Portugal ou lá fora, acho que me adapto em qualquer sítio, claro que gostava em Portugal, é o nosso país, mas ainda não apareceu nada, vamos esperar e ver", explica.

Eustáquio já esteve associado ao Sporting, antes de assinar pelo Cruz Azul, e não esconde o objetivo de jogar num dos grandes: "Acredito que sim, sempre que chega o mercado, pode haver uma chamada. Vejo muitos jogadores a chegar do estrangeiro, mas acho que não acrescentam mais do que um português".

Questionado sobre os objetivos a longo-prazo, Eustáquio é claro: marcar presença em Campeonatos do Mundo, com a seleção do Canadá, e jogar a Liga dos Campeões num dos grandes.

"Gostava de jogar em dois Mundiais, temos o próximo e depois em 2026, que o Canadá tem presença garantida, porque organiza com o México e Estados Unidos da América. Em termos de clube, gostava muito de jogar num grande e a Liga dos Campeões. Vamos ver, passo a passo, mas o que mais queria mesmo e gostava era jogar num grande, sem dúvida", diz.



"Davam o Paços de Ferreira como morto"

Stephen Eustáquio regressou ao futebol depois de vários meses parado, devido a uma rotura no ligamento cruzado do joelho, sofrida no segundo jogo ao serviço do Cruz Azul.

O médio foi um dos vários reforços do Paços de Ferreira em janeiro, que escalou do penúltimo lugar até ao 13º, com 39 pontos. O médio admite que foi desaconselhado a assinar pelo clube, mas optou por seguir o seu instinto.

"Muita gente dava o Paços como morto, já na II Liga. Pedi opinião a várias pessoas e diziam que ia fazer mal, porque iam descer. É fácil falar, sempre soube que o Paços tinha capacidade para ficar na I Liga e, se formos a ver, há clubes que ficaram à nossa frente, como por exemplo o Santa Clara, que fizeram uma época histórica e memorável, mas vamos a ver e ficaram quatro pontos à nossa frente, não é uma grande diferença", diz.

A manutenção ficou matematicamente assegurada na penúltima jornada, em casa, contra o Portimonense. Eustáquio nunca duvidou que a equipa tinha mais do que qualidade suficiente para garantir a permanência no primeiro escalão.

"Com esforço, dedicação e com a qualidade da equipa e dos jogadores, era fácil dar a volta, e assim foi. Alguns reforços vieram melhorar muito a equipa, como o Marcelo, João Amaral e o Denilson. Demos bem a volta à situação e o Paços fica onde merece, que é a I Liga", diz.

Eustáquio esteve um ano inteiro sem jogar, desde o dia 26 de janeiro de 2019, quando se lesionou numa partida entre Cruz Azul e Club Tijuana, no México, e o dia 16 de novembro, quando se estreou pela seleção principal do Canadá, contra os Estados Unidos da América. Depois, só voltou a jogar pelo Paços, em janeiro.

"Era importante voltar a ganhar confiança, estive muitos meses parado e era importante voltar a sentir carinho e confiança em treinos e jogos. Conhecia bem a I Liga, era o momento certo e o ambiente ideal para voltar a dar carga. Surgiu o Paços, o 'mister' Pepa falou comigo, queria-me muito lá, achei o ideal, eles precisavam de jogadores e tinham condições para fazer muito mais, para além de boas condições de treino e trabalho. Começamos a falar e vi logo que era a melhor opção", diz.


Paragem do campeonato foi a chave para o sucesso

O Paços de Ferreira foi uma das melhores equipas da retoma do campeonato. A equipa treinada por Pepa venceu cinco jogos e empatou dois, num total de dez jornadas disputadas. As derrotas foram frente ao Sporting, FC Porto e Sporting de Braga.

Stephen Eustáquio acredita que, fruto das muitas mudanças no plantel em janeiro, a paragem no campeonato devido à Covid-19 foi boa para a equipa e "chave para o sucesso" da retoma.

"Muitos chegaram em janeiro, mas as equipas não se fazem de um momento para o outro. Essa pequena pré-época de quatro semanas foi o ideal para nós, deu para assentar as ideias e ganhamos a ligação uns com os outros. Acho que ficamos no 'top-5' de equipas da retoma", atira.

O médio deixou rasgados elogios à estrutura do emblema devido ao trato com a equipa durante o período de confinamento obrigatório, e deu o exemplo da disponibilização de material para o treinos individuais.

"O Paços teve comportamento de equipa grande. Sempre tivemos contacto, marcar treinos diários, nunca nos faltou nada em equipamentos e feedback. Posso dar um exemplo. Acho que o clube só tinha 10 ou 12 bicicletas, mas rapidamente arranjaram mais 10 ou 12 para todos. São pormenores em que vês que trabalham muito bem e não nos faltou nada", recorda.

Jogar à porta fechada foi uma experiência "chata" para os jogadores, na opinião de Eustáquio, que gostaria de contar novamente com adeptos nas bancadas. "Precisamos sentir o calor dos adeptos, sabemos que é um momento difícil, mas uma percentagem já chega para os jogadores se sentirem confiantes e focados, era um passo em frente muito bom", termina.

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