Ainda não viu o cometa NEOWISE? Saiba como o encontrar

27 jul, 2020 - 18:39 • Inês Rocha

O cometa “já está nos limites da observação a olho nu", explica o diretor do Observatório Astronómico de Lisboa. Ainda assim, ainda é possível vê-lo, com ajuda de tecnologia.

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Desde o início de julho que o cometa NEOWISE tem sido o tema de conversa entre os amantes de astronomia. Apesar de ter sido descoberto em março, pelo telescópio espacial WISE da NASA, e de poder ser observado desde essa altura com o auxílio de telescópios, este mês tornou-se possível avistá-lo a olho nu.

A 23 de julho, o objeto esteve no ponto mais próximo da Terra - ainda assim, a uma distância de cerca de 100 milhões de quilómetros.

Mas se já muitos conseguiram captar em imagem a beleza deste cometa, há quem tenha dificuldade em encontrá-lo. Por isso, esta segunda-feira, o astrofísico Rui Agostinho esteve nas Três da Manhã a explicar como conseguir uma imagem do NEOWISE.

“Já está nos limites da observação a olho nu. É melhor fazer uma fotografia ou ter uns binóculos, porque a área de entrada das lentes do binóculo é maior do que pupila humana e dá-lhe brilho para poder ser visto”, explicou o diretor do Observatório Astronómico de Lisboa.

Ao anoitecer, a melhor ocasião a observação deste cometa ocorre pelas 22 horas na direção noroeste. No entanto, até ao fim do mês, o cometa estará visível cada vez mais alto no céu noturno - e também cada vez mais difícil de observar. Já não é possível observá-lo ao amanhecer, por se encontrar abaixo do horizonte.

Mas para conseguir tirar a fotografia, é necessário saber onde está localizado. O Neowise pode ser visto “por baixo da Ursa Menor”, lembra o astrofísico.

Para quem não domina a astronomia, a tecnologia pode ajudar. “SkEye” (com versão específica para o Neowise), “SkySafari” ou mesmo “Comet NEOWISE” (desenvolvida por um astrónomo da Universidade de Toronto) são algumas das aplicações para telemóvel que podem ajudar a localizar o objeto.

Depois de ter localizado o cometa, o melhor será usar uns binóculos ou fazer uma fotografia de longa exposição para poder vê-lo mais nitidamente. Ou seja: na máquina fotográfica, deve reduzir a velocidade do obturador para que a luz entre durante alguns segundos. Não se esqueça de usar tripé, para que a fotografia não fique tremida.

Mas afinal, o que é um cometa?

“É uma coisa linda”, brinca Rui Agostinho, quando questionado sobre o que é, afinal um cometa. A sua constituição é “metade poeiras, metade gelo, que tem principalmente água mas também amónia, dióxido de carbono e monóxido de carbono, assim como gelos de outros compostos químicos”.

“Esses gelos só fazem metade da massa que ele tem”, explica o diretor do Observatório Astronómico de Lisboa. “A estrutura é mantida por uma fraquíssima força gravítica”.

“Quando o cometa se aproxima do sol, o gelo passa do estado sólido para estado gasoso (sublimação). Por outro lado, o gás, quando vai para o espaço, deixou de estar em estado sólido e liberta a poeira consigo. Temos então duas componentes distintas: gás e poeira, o que dá origem à duas caudas que o cometa tem”, diz Rui Agostinho.

E todos dão para pedir desejos? Rui Agostinho diz que sim, entre risos, e lembra que “são muito mais os que não se veem do que os que aparecem”.

Por isso, aproveite: depois desta passagem, o Neowise só voltará a passar na terra daqui a cerca de 6800 anos.

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