“Valha-me Deus”. Esta marca de roupa quer ser um “desbloqueador de conversas” entre cristãos

21 jul, 2020 - 13:33 • Inês Rocha

Marca de “street wear” e acessórios de inspiração cristã é dirigida àqueles que “não têm vergonha de expressar a sua fé”. Quem compra uma camisola, está a oferecer três refeições a crianças no Peru.

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Peças de roupa como “desbloqueador de conversas” entre cristãos. É esse o efeito que Miguel Cardoso espera que a marca de roupa “Valha-me Deus”, que lançou este mês, tenha no público.

“Isso aconteceu-me no outro dia, levei para o trabalho uma t-shirt nossa e uma pessoa, com quem trabalho há imenso tempo, meteu conversa comigo para perguntar o que é isso da ‘Valha-me Deus’. Não fazia ideia que era cristã, e de repente estávamos a falar sobre Deus”, conta o designer.

A marca de “street wear” e acessórios, que Miguel lançou com o filho Afonso, de 19 anos, representa uma visão cristã do mundo. Desde iconografia mais tradicional a frases relacionadas com a fé cristã, a linha de roupa é destinada àqueles “não têm vergonha de dizer que são cristãos”.

Apesar de assumir que, hoje em dia, é comum haver quem tenha algum receio de assumir em público a sua fé, Miguel diz sentir que há público para a marca.

“Sinto, pela reação que as pessoas estão a ter, que há pessoas que não têm vergonha e até têm vontade de mostrar a sua fé ao mundo”.

Ainda assim, é muito cedo para avaliar o impacto do projeto. “Acho que primeiro lanças o projeto e depois percebes se é um projeto que estás a fazer sobre Deus ou se é um projeto de Deus para ti”, diz à Renascença.

Uma “inquietude” para encontrar novas formas de expressar a fé

Miguel Cardoso dirige uma agência de comunicação, a “Terra das Ideias”, que faz “um pouco de tudo” – desde webdesign a ilustração, fotografia e vídeo.

Mesmo dentro da empresa, Miguel sempre se dedicou muito ao mercado cristão, tendo colaborado em vários projetos artísticos ligados à Igreja Católica.

“Desde sempre que senti esta inquietude para procurar novas formas de expressar a fé”, conta à Renascença.

Miguel foi um dos fundadores da banda Kyrios, um projeto de música cristã que chegou a gravar cinco álbuns e a fazer dezenas de concertos por todo o país. Trabalhou também com o padre Borga, Claudine Pinheiro ou a banda Jota e a sua empresa desenvolveu também vários sites de dioceses.

Agora, lança-se no mundo da moda cristã. “Sempre achei que a roupa podia ser uma forma interessante de comunicar a fé, como um ‘statement’ para o mundo”.

Para perceber por onde ir, Miguel e o filho fizeram um estudo de mercado. “Percebemos que havia pessoas mais conservadoras, queriam coisas mais assumidamente cristãs tradicionais, ligadas à iconografia, outras queriam coisas mais subtis. Outras queriam mais comunicar mais os valores, sem um rótulo tão marcado”, conta.

A linha de roupa oferece um pouco de tudo isto, desde iconografia a frases como "Perigoso é não amar", "Ter só serve para dar" ou "O amor dá-te a volta".

Miguel faz a parte mais criativa, do design nas t-shirts, da imagem da marca; Afonso trabalha na logística das vendas on-line e do site, faz a gestão das redes sociais e a comunicação com clientes.

Miguel e Afonso são católicos, mas querem chegar ao público cristão em geral. “Como diria o grande Carlos Té, é muito mais o que nos une do que o que nos separa”, diz Miguel à Renascença.

“Não faz sentido estarmos a criar barreiras, elas acontecem por ignorância ou por não haver partilha. Esta ideia está aberta aos cristãos em geral ou a pessoas que não sejam cristãs mas se identifiquem com alguma frase ou ideia. Não queremos criar barreiras, o mundo já está cheio delas”, afirma o criador.

Comprar uma t-shirt em Portugal ajuda crianças no Peru

A venda da “Valha-me Deus” tem também uma componente solidária. “Como diz uma das nossas t-shirts, “ter só serve para dar”. É esse o espírito”, diz Miguel Cardoso.

A “Terra das Ideias” criou uma parceria com a “Associação para a Solidariedade” (Asociación para la Solidaridad), uma ONG espanhola sem fins lucrativos ligada à congregação do Santíssimo Redentor, que trabalha em projetos em vários locais do mundo.

“O projeto que estamos a apadrinhar é em Santa Anita, o distrito mais pobre de Lima, no Peru”. A associação apoia, com refeições solidárias, cerca de 100 crianças.

“Vamos doar um euro por cada peça vendida acima dos 10 euros”, conta Miguel. Este valor significa que, “ao comprarem um artigo, estão a oferecer cerca de três refeições a crianças em Santa Anita”.

A parceria poderá ainda ir mais longe. “Estamos a ponderar fazer uma linha especial em que a totalidade dos lucros será para a associação. Aí conseguiremos aumentar ainda mais a colaboração”, remata o designer.

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  • MARIA SOUSA
    21 ago, 2020 MONTEMOR O NOVO 12:22
    gostei de vos conhecer, na casa feliz, vem aí o Natal, precisamos fazer compras, com tempo.Creio poder ser vossa cliente, gosto da ideia e da vossa presença, aguardo novidades, bom trabalho
  • 21 jul, 2020 14:22
    EXCELENTE IDEIA.

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