13 jul, 2020 - 12:45 • Luís Aresta
Ainda que Pinto da Costa já tenha prometido que, enquanto for presidente do FC Porto, Sérgio Conceição será o seu treinador, José Guilherme Aguiar, ex-dirigente portista, considera aconselhável a renovação do contrato com o treinador.
“Acho que sim, muito embora o presidente do FC Porto já tenha sido perentório ao dizer que enquanto fosse presidente, o seu treinador seria o Sérgio Conceição. Acabou de ganhar eleições e durante o seu mandato não vejo outra alternativa”, diz o ex-dirigente do Porto, numa entrevista a Bola Branca.
Em março de 2019, Sérgio Conceição prolongou até junho de 2021 o contrato que o liga ao FC Porto, com que se prepara para se sagrar campeão nacional, pela segunda vez em três anos. O treinador de 45 anos chegou ao Dragão em 2017, depois de ter brilhado em França como técnico do Nantes. Em Portugal, já tinha treinado Olhanense, Académica, Braga e Vitória de Guimarães.
Para José Guilherme Aguiar, Sérgio Conceição é "tecnicamente ideal para continuar a comandar o plantel do FC Porto”. Contudo, face ao registo histórico dos treinadores campeões pelo Porto, não seria surpreendente se o técnico se sentisse tentado a sair: “Admito que sim. O histórico dos treinadores do FC Porto diz-nos que na sua esmagadora maioria foram todos bicampeões e, julgo que com exceção de Jesualdo Ferreira, nunca estiveram mais de duas épocas à frente da equipa."
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Nestas declarações a Bola Branca, Guilherme Aguiar enaltece a forma como Sérgio Conceição suportou a pressão, nos momentos mais difíceis.
“O mérito pertence a toda a equipa, mas é evidente que o grande resistente foi indiscutivelmente o Sérgio Conceição, muito embora, em determinadas alturas, tivesse ficado um tudo ou nada descrente”, refere.
A poucos dias do FC Porto festejar o 29.º título de campeão nacional, José Guilherme Aguiar reconhece que a administração da Porto SAD fez bem em manter a aposta no treinador, mesmo quando estava a sete pontos do Benfica e muitos duvidavam da sua capacidade para manter a equipa na luta pelo título: “É evidente que a administração da SAD também foi resistindo, mas, que remédio. Era a sua obrigação."
Quando diz que o mérito é de todos, José Guilherme Aguiar não se refere apenas a treinador e jogadores do FC Porto. O ex-dirigente e adepto portista destaca a importância do trabalho desenvolvido nos bastidores pelo diretor-geral para o futebol, Luís Gonçalves, “uma pessoa extraordinariamente discreta, exceto quando está sentado no banco, situação em que de vez em quando é demasiado emotivo”, confessa.
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José Guilherme Aguiar não duvida que uma boa parte do mérito desta conquista iminente passa pelo empenho de Luís Gonçalves.
“Conheço-o pessoalmente há muitos anos. Muito do que se fez, da reabilitação anímica e mental dos jogadores, do equilíbrio que se foi passando no plantel e no departamento de futebol, quando os resultados não apareceram, é trabalho dele. Grande parte do título também tem de lhe ser atribuído”, sublinha.
“Terei de confessar que esta época não estaria no rol daqueles que confiavam incondicionalmente”, responde José Guilherme Aguiar, quando confrontado sobre o grau de surpresa deste título, depois da forte sangria a que o plantel do FC Porto foi submetido no final da época passada.
O ex-dirigente confessa que tinha “algumas reservas quanto à mais-valia do plantel”, sublinhando, porém, que “Sérgio Conceição tem sabido equilibrar muito bem a prestação da equipa”.
O 29.º campeonato para o Porto chega num contexto único e que se deseja irrepetível, face à pandemia da Covid-19. José Guilherme Aguiar adverte os adeptos:
“Devemos e temos que ter muito cuidado. Um título do FC Porto, por muito valioso que seja, por muito mérito e repercussão que possa ter, não vale a saúde de cada um de nós. Festejem a sério, mas pensando sempre nas precauções que devem tomar, porque não vale a pena ser adepto de um clube campeão e ter uma doença como, infelizmente, ainda se verificam muitas neste país."