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Legislativas 2024

Da maioria absoluta à derrota. Pedro Nuno Santos atira estabilidade da governação para Montenegro e Marcelo

11 mar, 2024 - 02:43 • Susana Madureira Martins

Mesmo sem saber o resultado dos votos da emigração, o líder do PS assume-se como o líder da oposição e avisa a AD que "não conte com o PS para governar". Os socialistas não travam a viabilização de um Governo de direita, mas aprovar o Orçamento do Estado para 2025 é "praticamente impossível".

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O PS assumiu a derrota eleitoral o mais depressa que pôde. Pelas 20h30, João Torres, diretor de campanha de Pedro Nuno Santos, reconhecia que aos socialistas cabia "liderar a oposição" e que o partido não irá criar "impasses constitucionais”. E nessa altura ainda só eram conhecidas as projeções das televisões, não eram conhecidos resultados oficiais.

Os socialistas deitavam assim a toalha ao chão ainda a noite eleitoral estava a começar. Pelas 23h00 e com uma votação quase sempre tangencial entre o PS e a Aliança Democrática (AD), o primeiro-ministro cessante, António Costa, veio dizer o óbvio. Há um empate, faltam os votos da emigração, se calhar isto não fica resolvido hoje.

Ainda assim, mesmo sem se conhecer para que partidos vão cair os quatro votos da emigração, Pedro Nuno Santos assumiu a derrota. "Não ganhámos as eleições. Não sei o que vai acontecer daqui a alguns meses. Vamos preparar a oposição, prepararmo-nos, renovar o PS, que está a iniciar uma nova fase".

Com esta frase, o líder socialista antecipa-se a todos os cenários pós-eleitorais que possam vir aí e antecipa-se até à eventual posição do Presidente da República mais à frente. Pedro Nuno Santos atira para o líder da AD, Luís Montenegro, a responsabilidade de formar uma maioria à direita. E se não o conseguir sem o Chega, é Montenegro que tem de resolver e, por extensão, também Marcelo Rebelo de Sousa.

Se "daqui a alguns meses", com uma proposta de Orçamento do Estado que o PS diz que não irá viabilizar e a AD precisar dos votos do Chega para aprovar o diploma, a direita ficará inteiramente assumida como bloco. Caso contrário fica criado um cenário de instabilidade que Belém terá de resolver.

Pedro Nuno Santos admite que foi recebendo "muita pressão nas últimas semanas", mas avisa que "não vale a pena criarem pressão sobre o PS, porque sabemos bem o caminho que vamos trilhar, a liderar a oposição. Deixemos a tática de fora".

É um aviso que Marcelo terá ouvido, certamente, e que pode ser somado a este: "não temos uma maioria e, se não temos a maioria, não a podemos apresentar como solução".

Diga-se que os socialistas andam especialmente irritados com Marcelo Rebelo de Sousa na sequência dos diversos cenários pós-eleitorais que surjiram na última edição do jornal Expresso e que foram vistos como uma maneira de "condicionar" o voto a 10 de março.

De resto, tal como a Renascença noticiou, Carlos César escreveu uma mensagem ao Presidente da República com avisos sobre eventuais "condicionamentos" e "bloqueios institucionais" na declaração ao país no dia de reflexão. Uma posição com a qual o líder do PS nesta noite eleitoral disse que está em "total sintonia" com o presidente do partido e o que tiver de dizer a Marcelo é a ele que dirá.

Em relação aos avisos de César, o Presidente da República acusou de tal maneira o toque que na mensagem do dia de reflexão começa exatamente por dizer que "ninguém – pessoa ou instituição – pode substituir ou sequer condicionar, o sentido final da vontade popular".

Tudo resumido, o PS entrincheira-se na oposição, à espera de poder construir uma "nova maioria", num "novo ciclo" que agora começa, segundo Pedro Nuno Santos. A aposta que está por trás desta estratégia é que os microciclos políticos funcionem a favor dos socialistas.

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