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Surto em Reguengos de Monsaraz

Misericórdia de Évora suspende visitas a lares como medida preventiva

09 jul, 2020 - 21:35 • Rosário Silva

A medida “é provisória”, segundo o provedor da instituição, preocupado com o bem-estar dos utentes, que manifestam “intranquilidade e alguns problemas de comportamento.”

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A Santa Casa da Misericórdia (SCM) de Évora decidiu suspender, “provisoriamente”, a partir desta quinta-feira, as visitas nos seus dois lares de idosos, na cidade: o Recolhimento Ramalho Barahona e o Lar de Nossa Senhora da Visitação.

“Suspendemos as visitas nos lares porque estamos perante alguns surtos, nomeadamente, como se sabe, o de Reguengos de Monsaraz, que já manifesta episódios, quer no concelho, quer na cidade de Évora”, justifica o provedor da SCM.

Em declarações à Renascença, Francisco Lopes Figueira explica que a medida, “é prudente”, e surge na sequência de uma estratégia da instituição que, desde o inicio, se pauta pelo “uso da cautela, para que os nossos idosos não sejam contagiados e, como se sabe, as visitas são um veiculo possível de transmissão.”

O provedor sublinha que é “apenas uma medida preventiva”, que vai vigorar pelo menos nos “próximos 15 dias”, sendo, por isso temporária.

“É provisória, uma vez que nos começa a preocupar, o fato dos utentes estarem confinados e impedidos de sair dos lares onde residem, o que começa a causar alguma intranquilidade e alguns problemas de comportamento e de natureza psicológica”, admite o responsável da instituição eborense.

O provedor considera que, nesta altura, é preciso “ser-se cuidadoso”, não sendo “demasiado exigentes, e nós fomo-lo na fase inicial, mas aliviar um pouco esse aspeto, para que os utentes se sintam com o mínimo de conforto e não reajam de maneira menos adequada, em termos psicológicos.”

Lopes Figueira acredita que os familiares encaram com “recetividade”, esta medida, pois “entendem que é para proteção dos seus familiares.”

A Santa Casa da Misericórdia de Évora, foi das primeiras instituições da região a tomar medidas preventivas, logo que surgiram as noticias da pandemia. O balanço de todo o trabalho até agora realizado “é extremamente positivo”, com uma “palavra de agradecimento” a todos os funcionários.

“Sem receberem nem mais um cêntimo até ao momento, tal como a instituição, fizemos, em conjunto, um investimento substancial, quer em termos financeiros, mas mais importante, no esforço que empreendemos para mudarmos hábitos e comportamentos”, alude.

“Só assim foi possível chegarmos aos dias de hoje, sem nenhum caso de infeção nos nossos lares, e isso deve-se à responsabilidade dos nossos funcionários”, acrescenta, o provedor.

Instituições sentem falta de “plano global” para combater pandemia nos lares

Diz o ditado que “em tempo de guerra, não se limpam armas”, daí que Francisco Lopes Figueira, questionado pela Renascença, sobre a forma como avalia a atuação das diferentes entidades no combate à pandemia, não queira tecer grandes comentários.

“Em termos locais, notou-se sempre um esforço extraordinário das entidades, sempre disponíveis para nos ajudarem a ultrapassar todas as situações, num trabalho de equipa muito relevante”, atesta, contudo, lembra “os meios locais são limitados e as competências locais, muitas vezes, também foram insuficientes.”

Sem querer aprofundar a questão, o provedor da Misericórdia de Évora, admite que “sentimos a falta de uma estratégica, de um plano global”, que garanta “uma maior eficácia nos domínios em que estamos a trabalhar, como os serviços essenciais e serviços de alto risco”, como são os lares.

“Não queria dizer muito mais sobre isto, pois estamos a viver e vamos viver mais alguns meses com esta situação, por isso, entendo que não é altura para estarmos com grandes retóricas sobre esse tema”, afirma.

Francisco Lopes Figueira espera que se mantenha “a união e a colaboração entre todos”, e que “apareçam os meios para que possamos rever aspetos menos positivos, estruturais, que todos temos”, para os resolver “a médio prazo.”

No conjunto das duas estruturas residências para idosos da SCM de Évora, trabalham cerca de 170 funcionários, para 164 utentes.

A instituição apoia mais 110 idosos, em apoio domiciliário, além de uma centena de pessoas necessitadas, sobretudo de alimentação. Neste campo, registou-se um aumento do número de pedidos de ajuda, “algumas dezenas”, segundo o provedor, traduzindo-se num crescimento que varia “entre os 40% e os 50%.”

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