26 jun, 2020 - 14:39 • Inês Rocha
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"Se o primeiro-ministro puxou as orelhas à ministra da Saúde, teria certamente razão. Embora os castigos corporais sejam pouco da nossa fase de trabalho educativo". Foi com esta "nota de humor" que Marta Temido reagiu à notícia sobre a "explosão" do primeiro-ministro durante a reunião com epidemiologistas no Infarmed.
Segundo relatos de vários órgãos de informação, o primeiro-ministro terá interrompido a ministra durante a reunião, quando Marta Temido falava em confinamento. António Costa terá afirmado que "é mentira" que o país tenha estado em confinamento, porque alguns setores de atividade nunca chegaram a paralisar.
Segundo fontes ouvidas pela Visão, o primeiro-ministro afirmou que palavras como esta, ditas em público por membros do Governo, e a falta de clareza dos dados prejudicam o trabalho que o executivo tem vindo a fazer.
Na conferência de imprensa desta sexta-feira, Marta Temido acabou por não entrar em mais pormenores, sublinhando que "o que interessa é que temos de nos concentrar no que é essencial".
"Nesta fase em que estamos todos cansados e gostaríamos de virar a página da Covid-19, é natural que se perca alguma da tranquilidade e que possamos perguntar-nos se as coisas estão a evoluir no melhor sentido", disse a ministra da Saúde.
Marta Temido assumiu ainda que as autoridades de saúde estão "a ter dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão".
"Elas estão-se a manter relativamente persistentes e portanto pusemos no terreno instrumentos adicionais", afirmou a ministra, apelando a que os moradores das freguesias mais afetadas evitem comportamentos supérfluos, que possam ser evitados.
A ministra recordou que a covid-19 só desaparecerá quando surgir uma vacina ou tratamento, sublinhando que “contactos físicos e espaços fechados e muito frequentados” são comportamentos e lugares de risco.
“Recordo que, como todos sabemos, que a covid-19 só desaparecerá das nossas vidas quando surgir uma vacina ou tratamento eficaz, logo o facto de Portugal ter tido uma situação epidemiológica melhor, mais favorável, menos dura do que outros países e de, agora, enfrentar números consistentes em algumas freguesias é um motivo para reforçar o nosso esforço articulado ao nível da saúde publica, solidariedade social, emprego, economia, habitação, transportes e trabalho com autarquias e sociedade civil”, disse na conferência de imprensa de balanço da pandemia em Portugal.
A governante vincou que este trabalho é de paciência e de elevada complexidade que todos vão ter de continuar a fazer.