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EUA. Responsável da defesa opõe-se ao envio de tropas para a rua

03 jun, 2020 - 20:02 • Reuters

Mark Esper teme a politização das forças armadas, sobretudo na iminência de uma eleição presidencial.

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O secretário da Defesa nos Estados Unidos, Mark Esper, opõe-se ao envio de tropas para pôr fim aos motins que estão a decorrer em várias cidades americanas, apesar de o Presidente Donald Trump já ter ameaçado recorrer às Forças Armadas.

Trump afirmou esta semana que poderia recorrer aos militares para travar os protestos violentos que se têm formado em reação ao homicídio de George Floyd, um afro-americano de 46 anos que morreu de asfixia ao ser detido pela polícia em Minneapolis

Contudo, numa conferência de imprensa, Esper disse que “a opção de recorrer a militares no ativo para impor a lei deve ser apenas utilizada como medida de último recurso, nas situações mais urgentes e perigosas”. Segundo o responsável pela defesa, “não estamos numa situação dessas neste momento”.

Segundo uma fonte da Administração de Donald Trump, que falou com a Reuters sob condição de anonimato, as palavras de Esper não foram bem recebidas na Casa Branca.

Para poder usar militares para impor a lei em solo americano, Donald Trump teria de invocar a “Insurrection Act”, ou “Lei de Insurreição”, de 1807. A última vez que essa lei foi invocada foi em 1992, em resposta aos motins que resultaram da ilibação dos agentes policiais que foram filmados a espancar o afro-americano Rodney King, em Los Angeles.

The military has pre-positioned 1,600 active duty forces on the outskirts of Washington, D.C., to deploy if needed.

Neste momento as Forças Armadas americanas têm 1.600 homens nos arredores de Washington, prontos a mobilizar se for necessário.

Noutra afirmação que terá irritado a Administração, Esper disse que não sabia de antemão do plano do Presidente de tirar uma fotografia em frente à Igreja de St. John, em Washington, que tinha sido alvo de um incêndio durante as manifestações, de Bíblia na mão.

Para poder tirar a fotografia naquele local foi necessário, primeiro, fazer dispersar uma manifestação pacífica, o que foi conseguido com recurso à Guarda Nacional, que usou gás lacrimogéneo.

“Esforço-me muito para manter o meu departamento acima da política, mas isso é muito difícil hoje em dia, à medida que nos aproximamos de uma eleição”, afirmou Esper.

O almirante Mike Mullen, antigo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, disse depois desse episódio que as imagens da dispersão da manifestação para que Trump pudesse ser fotografado o tinham dado náuseas.

“Os nossos concidadãos não são o inimigo, nem nunca devem vir a ser”, escreveu na altura Mullen.

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