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Irrigação solar. Universidade de Évora é a única portuguesa em consórcio de energias renováveis

03 jun, 2020 - 13:16 • Rosário Silva

“SolAqua” é o nome do projeto multinacional, desenvolvido por uma dezena de organizações de seis países, para aumentar a quota de energias renováveis na Europa.

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A Universidade de Évora (UÉ) é a única instituição portuguesa que integra um projeto multinacional de irrigação solar que reúne, em consórcio, 11 organizações de seis países. Além de Portugal, participam Espanha, França, Itália, Marrocos e a Roménia.

“SolAqua – Accesible, reliable and affordable solar irrigation for Europe and beyond” é a designação original do projeto, cuja finalidade passa por “aumentar a quota de energias renováveis na Europa”, combinando “tecnologia fotovoltaica e hidráulica com irrigação de alta eficiência.”

Nesta primeira fase, pretende-se produzir “materiais e ferramentas de habilitação-chave para adoção do mercado de irrigação solar”, definindo “padrões de qualidade e metodologias de avaliação económica e ambiental”, indica a UE, num documento enviado à Renascença.

Segundo Luís Fialho, da Cátedra Energias Renováveis da Universidade de Évora (CER-UE), a única entidade portuguesa a integrar este consórcio, “o mercado para adoção da tecnologia de irrigação fotovoltaica de alta potência encontra-se num ponto crítico de evolução de um mercado ainda imaturo.”

Tendo em conta este cenário, de acordo com o investigador, o projeto vai “criar e fomentar as condições para uma evolução com sucesso para um mercado consolidado, com elevada proteção do consumidor final, redução de custos e de preço da energia, mas também alto nível de inovação.”

Zero emissões e menos 70% de custos

No campo das vantagens, Luís Fialho, admite que a “irrigação solar vai permitir o fornecimento de energia para irrigação com zero emissões e um custo até 70% inferior às soluções à base de combustíveis fósseis existentes.”

No atual modelo energético da agricultura na Europa, explica a CER-UE, é utilizada “uma grande quantidade de energia para bombear água para as culturas de regadio”, implicando “uma pesada fatura de quatro mil milhões de euros.”

Acrescem “os custos ambientais associados às 16 milhões de toneladas de CO2 produzidas todos os anos”, representando “cerca de 15% das emissões totais de CO2 da agricultura da União Europeia (UE).”

É neste quadro, de acordo com Luís Fialho, que se olha para a irrigação solar como “um enorme potencial de aplicação, apenas desaproveitado por barreiras não tecnológicas”, como, exemplifica o investigador, “a falta de consciência e de competências em irrigação solar entre os irrigadores, PME – Pequenas e Médias Empresas locais e autoridades públicas.”

A Universidade de Évora, através da Cátedra Energias Renováveis, desde 2010, que desenvolve, recorda o investigador, “tecnologias de energia solar e de armazenamento de energia, para potenciar o contributo da energia solar para a transição energética.” Em Alter do Chão, no distrito de Portalegre existe, mesmo, uma instalação-piloto que utiliza tecnologia semelhante à que vai ser desenvolvida pelo projeto “SolAqua”.

Já numa fase posterior, o projeto multinacional prevê a promoção de “um plano de divulgação e de comunicação”, vocacionado “para partes interessadas na Europa e norte de África, sobre irrigação solar e sobre o plano de exploração do SolAqua”, permitindo “o desencadear de um mercado funcional de irrigação solar”, acredita, Luis Fialho.

O consórcio SolAqua, que conta com o apoio do programa Horizonte 2020, é constituído pela Universidad Politécnica de Madrid, Euromediterranean Irrigators Community, Conference des Regions Peripheriques Maritimes d’Europe – Association, Consiglio dell’Ordine Nazionale del Dottori Agronomi e dei Dottori Forestali, Universidade de Évora, Universita degli Studi Veterinaire Hassan II, Departamento de Agricultura Ganaderia y Medio Ambiente. Gobierno de Aragón, Conselleria de Agricultura, Medio Ambiente, Cambio Climático y Desarrollo Rural, Abarca Companhia de Seguros SA e Calarasi County Council.

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