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Imunidade após infeção com Covid-19? Não há certezas

01 jun, 2020 - 14:54 • João Carlos Malta

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, diz que ainda não se sabe qual o nível de anticorpos que uma pessoa tem de possuir para ser imune. Estudo serológico do Instituto Ricardo Jorge pode trazer mais luz sobre este tema.

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Há casos de pessoas em Portugal que tiveram Covid-19 e que estão a voltar a testar positivo. Na Alemanha, os primeiros casos identificados da doença estão já a perder a imunidade ao novo coronavírus, de acordo com o médico que os acompanhou. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, diz que há poucas certezas sobre como é que cada um de nós ganha defesas em relação a este vírus e como é que os anticorpos se comportam.

Na conferência de impressa diária, desta segunda-feira, a diretora-geral da Saúde começou por dizer que a doença ainda está ativa há muito poucos meses, para que se tenham certezas em relação à imunidade que cada um adquire depois de estar em contato com o vírus.

Graça Freitas afirmou que, até ao momento, não se sabe qual o nível de anticorpos que temos de possuir para estar imunes ao vírus, nem sabemos se mesmo tendo essa quantidade “como é que esta se comporta”.

A diretora-geral da Saúde salientou que, em algumas doenças, os anticorpos decaem com o tempo. Mas deu o exemplo da hepatite B, em que apesar de isso acontecer, num contato posterior com o vírus “eles [anticorpos] voltam a atuar”.

“Temos de perceber qual a quantidade e quanto tempo vai durar [a imunidade]. Sobre este vírus ainda temos de aprender muita coisa, como a quantidade de anticorpos que é precisa”, reforçou, ao mesmo tempo que disse que o estudo serológico que está a ser realizado pelo Instituto Ricardo Jorge “vai ajudar-nos a perceber”.

Sobre alguns testes positivos a pessoas que já tinham estado com a doença e que foram sido dado como curadas, Graça Freitas disse que nem sempre são casos realmente positivos.

“Algumas pessoas têm alta, recuperam, têm um teste negativo e voltam à sua vida. Depois, mais tarde, noutros contextos, são novamente testadas e têm resultado positivo — isso não quer dizer que tenham no trato respiratório vírus capaz de causar doença ou de contagiar outras pessoas. Não significa uma recaída da doença ou que transmita a outras pessoas, são dois fenómenos diferentes”, concluiu.

O médico alemão Clemens Wendtner, que tratou os primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus na Alemanha, disse, em entrevista ao periódico espanhol El País, que tem observado “em alguns casos uma diminuição dos anticorpos neutralizadores”.

Segundo o especialista, nenhum dos recuperados que ficou infetado em janeiro sofreu sequelas severas que todos os testes de anticorpos são reativos até agora. No entanto, passados três meses, “já vemos um potencial défice na imunidade”.

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