14 mai, 2020 - 20:56 • Lusa
O parlamento homenageou esta tarde o arcebispo emérito de Nampula, D. Manuel Vieira Pinto, que morreu aos 96 anos em 1 de maio, como "figura maior na luta pela afirmação da dignidade da pessoa humana no Portugal contemporâneo".
Um voto de pesar pela morte do arcebispo foi apresentado pelo presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, e aprovado por unanimidade pelos deputados, na reunião desta quinta-feira.
No texto, o prelado é recordado como uma "figura maior na luta pela afirmação da dignidade da pessoa humana no Portugal contemporâneo", lembrando-se igualmente "a sua voz livre e corajosa" que se fez ouvir, fosse "em defesa do diálogo intercultural e interreligioso, fosse na promoção dos direitos humanos, fosse na exortação ao reconhecimento do direito do povo moçambicano".
Manuel Vieira Pinto nasceu em Amarante, distrito do Porto, em 9 de dezembro de 1923, e foi indicado para bispo de Nampula em 1967 pela Santa Sé.
Assumindo uma posição de denúncia face às condições sociais vigentes no período colonial português, subscreveu a carta "Imperativo de Consciência".
Manuel Vieira Pinto e outros padres católicos pediam no documento uma "resposta corajosa aos problemas graves do povo moçambicano", como recordou a conferência episcopal moçambicana, numa nota biográfica.
Tal valeu-lhe a expulsão do território em 1974 pelo governo de Marcelo Caetano, regressando a Portugal, o que lhe mereceu, na altura, um comentário: "Fica bem claro que saio de Moçambique por ordem do governo e contra a minha vontade."
Voltou ao país africano em 1984 para ocupar o cargo de arcebispo de Nampula e foi também administrador apostólico de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, igualmente na região norte do país.
Ficou no posto de arcebispo de Nampula até 2000, ano em que resigna, a seu pedido.