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Casa Comum - Tempos muito difíceis para os portugueses - 06/05/2020

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Assis e Rangel de acordo: vêm aí tempos muito difíceis para os portugueses

06 mai, 2020 • Debate moderado por Celso Paiva Sol. Artigo de Ana Carrilho


Previsões para as economias europeias, com dados sombrios, estiveram em destaque na edição desta semana do programa "Casa Comum", da Renascença.

O socialista Francisco Assis e o social-democrata Paulo Rangel não se mostram surpreendidos com os dados revelados esta quarta-feira no Boletim da Primavera da União Europeia, que apontam para uma recessão histórica.

Em relação a Portugal, a União Europeia aponta para uma quebra no PIB de 6,8% e o desemprego a atingir quase 10%. Os dois comentadores do programa “Casa Comum”, uma parceria da Renascença com a Euranet, concordam que vêm aí tempos muito difíceis.

“Vai ser um verão muito árduo para as empresas e para as famílias, mesmo com o apoio do Estado”, frisou o eurodeputado Paulo Rangel. Uma crise diferente de 2008, mas também com muitos efeitos negativos, a atingir os trabalhadores com menores rendimentos e a provocar muitos desempregados, reforçou Francisco Assis.

Paulo Rangel elogiou a iniciativa da União Europeia para apoiar a investigação contra o coronavírus. Conseguiu angariar 7,4 mil milhões de euros, uma iniciativa realizada num quadro multilateral “e não como outros, nomeadamente, nos Estados Unidos de Trump ou mesmo na China. E o social-democrata disse ainda que gostava de ver o mesmo espírito e empenho nas soluções económicas, “porque o que vejo na Europa é um pouco mais preocupante do que o que via há uma semana”.

Uma das situações que merece preocupação dos dois comentadores do “Casa Comum” é a decisão do Tribunal Constitucional alemão que exige ao BCE, no prazo de três meses, uma justificação sobre a conformidade do seu mandato com a compra de dívidas públicas, uma questão determinante numa altura em que se discutem medidas de apoio aos estados, no âmbito da pandemia de Covid-19.

Francisco Assis e Paulo Rangel consideram um péssimo sinal pela imprevisibilidade criada e pelos argumentos que dá aos países (nomeadamente da Europa do Norte) que não defendem uma solução integrada.

O ex-eurodeputado socialista frisa ainda que “é uma notícia muito negativa que pode ter efeitos quase imediatos nos mercados financeiros “e que gera dúvida na forma como a dívida pública dos diferentes países é tratada : “É das decisões mais perniciosas tomadas nos últimos tempos, com consequências muito más para os países do Sul, em que se inclui Portugal”.

Em pleno estado de calamidade, Francisco Assis admite que, apesar das suas reservas iniciais, já percebeu que se tinha mesmo que avançar para o “estado de emergência” decretado pelo Presidente da República e concorda que “a forma gradativa como se está a avançar, é o melhor modelo a adotar”.

Paulo Rangel, por seu turno, sublinha o comportamento dos portugueses “que não me surpreendeu. Quando há uma situação crítica, têm uma força coletiva que surpreende muita gente, têm uma enorme capacidade de adaptação”. Para o Governo, o social-democrata não é tão generoso. Apesar da capacidade de comunicação revelada., devia ter respondido mais cedo, por exemplo, na questão dos lares e da compra de equipamentos.

Francisco Assis pronunciou-se ainda sobre as comemorações do 1º de maio, “uma decisão absurda, que deu uma imagem muito negativa. Uma incompreensível e lamentável cedência do governo à CGTP e a CGTP também não percebeu o erro que estava a cometer”.

Já sobre o 13 de maio em Fátima, Paulo Rangel considera que a Igreja esteve muito bem ao cancelar as celebrações e o Governo, nomeadamente António Costa, “o principal responsável, muito mal, ainda não teve coragem para falar do assunto”.

Ainda assim, o social-democrata considera que a Igreja devia ter censurado o Governo pelo “aproveitamento político” que fez. “Devia ter dito que a decisão estava tomada há muito tempo (desde 6 de abril) e que é uma decisão responsável, não percebemos porque é que o governo vem introduzir a questão”.

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  • opwiopuq oqiw
    07 mai, 2020 12:37
    Nenhum destes é bruxo. Também não era necessário ser-se bruxo para se pensar que metade dos jornaleiros vão ser despedidos.