27 abr, 2020 - 11:44
O primeiro-ministro, António Costa, admite "baixar um nível" nas medidas de contenção da pandemia do novo coronavírus. Porém, avisa que, se for preciso, voltará a impor medidas mais pesadas.
Em declarações aos jornalistas, esta segunda-feira, Costa salientou que "caberá ao Presidente da República avaliar se é ou não necessário manter o estado de emergência". Contudo, admitiu que há um consenso.
"Segundo as informações que temos, o consenso é que podemos, neste momento, descer um nível. A normalidade plena da nossa vida só voltará a existir quando houver vacina, o que só acontecerá daqui a um ano ou ano e meio. Vamos ter de praticar normas de distanciamento durante muito tempo, o que não o quer dizer que tenhamos de estar permanentemente em estado de exceção constitucional", explicou, durante visita a uma empresa têxtil em Paços de Ferreira.
António Costa sublinhou que "o fim do estado de emergência não significa o regresso à normalidade". Por isso, "as atividades que vão reabrir, quando reabrirem" terão de fazê-lo "com condicionamentos".
O primeiro-ministro lembrou que "grande parte dos comportamentos foram antecipados pelos portugueses" à imposição do estado de alerta e do estado de emergência. Como tal, confia "na consciência das pessoas". Ainda assim, frisou que, no momento em que sentir que foi dado "um passo maior do que a perna", não hesitará em reerguer o muro.
"Vamos avaliar a situação de 15 em 15 dias, para vermos se estamos em condições de dar o passo seguinte. Se as coisas começarem a correr mal, temos de dar um passo atrás e adotar as mesmas medidas que vamos poder aliviar. Queremos dar passos em frente, mas se tivermos de dar um passo atrás, daremos. A contragosto, mas daremos. Daremos todos os passos necessários para manter a segurança", declarou.
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doença(...)
António Costa falou à margem da visita a uma empresa têxtil de Paços de Ferreira que adaptou a produção às necessidades da atividade. Isto é, passou de produzir roupa de luxo para um conjunto de equipamentos técnicos e máscaras laváveis, para abastecer o mercado.
Iniciativa que o primeiro-ministro fez questão de "louvar e agradecer", uma vez que considera ser essa a forma de "conseguir controlar o impacto social e económico" da pandemia da Covid-19:
"Se quisermos durante o mês de maio, e temos de querer e conseguir, proceder à abertura e desconfinamento, é fundamental que todos possamos ter acesso, com facilidade, em qualquer loja ou supermercado, quer a máscaras de uso comunitário, quer a qualquer outro equipamento de proteção individual. É importante que o nosso sistema industrial consiga produzir estes produtos, para não termos de andar de porta em porta a encomendá-los e possamos tê-los nas prateleiras das lojas."
António Costa lembrou que "não podemos ficar um ano e meio todos parados". Nesse sentido, considera ser essencial dar condições a todos para que possam retomar a sua atividade, sem correr riscos adicionais.
"As 100 mil máscaras por dia que estão a começar a chegar ao mercado são fundamentais para uso comunitário, para uma pessoa poder sair de casa com conforto e em segurança, sem risco de contaminar os outros. De um dia para o outro, tudo parou, as fábricas fecharam, as empresas pararam, as encomendas foram canceladas, e temos de retomar de forma gradual e progressiva e em segurança. Temos de permitir à economia retomar a sua atividade, sem pôr em causa a segurança. Vamos criar um conjunto de linhas de apoio à tesouraria que visam ajudar as empresas a sobreviver e permitem fazer investimentos fundamentais para melhorar a proteção individual", assinalou o chefe de Governo.
No domingo, Portugal registava 23.864 casos confirmados do novo coronavírus e 903 mortes devido à doença por ele provocada, a Covid-19.