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Covid-19. Portugal vai começar a produzir máscaras comunitárias em breve

21 abr, 2020 - 08:30 • João Cunha

Cerca de 250 empresas mostraram interesse em arrancar a produção de máscaras comunitárias, que podem representar oportunidade de negócio para as empresas portuguesas.

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Mais de 200 empresas do setor têxtil pediram ajuda ao Centro Tecnológico Têxtil e Vestuário (CITEVE) para fabricar máscaras comunitárias ou sociais, para travar o contágio da Covid-19. Para além do mercado nacional, há capacidade para exportação dos produtos.

O setor têxtil não quis deixar passar ao lado a oportunidade de negócio. As máscaras sociais ou comunitárias, em pano e reutilizáveis, podem bem ajudar a passar ao lado da crise provocada pela pandemia.

As empresas têxteis e de confeção têm todas as características e capacidades para fazer este tipo de produto, que ajudará a colmatar a falta das tradicionais máscaras dos equipamentos de protecção individual. Mas, porque não se fazem destas máscaras em Portugal, faltava às empresas as especificações técnicas para o seu fabrico.

Por isso, pediram que o CITEVE testasse dezenas de materiais que pudessem ser utilizados no fabrico dessas máscaras.

O centro fez esse trabalho e, a par com o Infarmed, já publicou as especificações técnicas para as empresas começarem a produzir máscaras sociais reutilizáveis. Mais de 200 empresas deverão arrancar com a produção.

“Das 400 empresas que nos contactaram e manifestaram vontade em fazer coisas neste domínio, eu diria que entre 200 e 250 são empresas de confeção que estão interessadas em ter este produto no seu portfolio”, explica Brás Costa, diretor do CITEVE.

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Garantia de qualidade das máscaras comunitárias

Há que referir que estas máscaras comunitárias, como são denominadas, não se inserem na classe de dispositivos médicos nem na classe de equipamentos de proteção individual. E por isso, não estão inseridas no conceito da marca CE.

Quem o lembra é Pedro Portugal Gaspar, inspetor geral da ASAE, que explica que a nível europeu, “permitiu-se uma derrogação da circulação desses produtos, que não tenham necessariamente a marca CE. A perspetiva é a aplicação das normas técnicas a utilizar no fabrico deste tipo de produtos”.

De resto, no site da ASAE, na parte dos equipamentos de protecção individual, e na do Infarmed, no caso de dispositivos médicos, está o conjunto de normas técnicas a cumprir, no fabrico de outros produtos.

Mas apesar das máscaras comunitárias não estarem inseridas no conceito da marca CE, o setor têxtil quer garantir ao comprador que as máscaras que vai produzir estão devidamente certificadas e aprovadas e, por isso, está a ser preparada uma espécie de selo que comprove essas garantias.

Brás Costa explica que trabalharam “quer com o Ministério da Saúde, quer com organismos do Ministério da Economia, no sentido de dar essa garantia aos consumidores”.

O modelo não está completamente definido, mas a ideia é que os produtos colocados no mercado “tenham a aposição de um selo que dê essas garantias e evite que produtos que não cumprem as especificações e que não protegem” levem os consumidores a comprar gato por lebre.

Isto porque existe um número crescente de produtos sinalizados que não cumprem os níveis de segurança exigidos.

“Já encontrámos alguns produtos que estão longe de cumprir o nível de segurança que é exigido e assistimos a uma proliferação de produtos que até poderão ser perigosos”. Porque achando o consumidor que está protegido, podem vir a trazer problemas.

Exportar estas máscaras pode ser oportunidade para setor têxtil

Face à crescente procura e à escassez de máscaras a nível mundial, a exportação destas máscaras sociais é uma possibilidade em cima da mesa.

“Temos aqui uma oportunidade de negócio e estou convicto que vamos ter procura”, refere Brás Costa, que acrescenta que o CITEVE tem sido contactado por empresas internacionais que procuram fábricas de confeções em Portugal para produzir este tipo de máscaras, que “poderão vir a integrar os porfólios das marcas internacionais como mais uma peça. Sabemos que marcas de luxo se estão a movimentar neste sentido”, revela.

Esta “é uma oportunidade de Portugal posicionar-se no mercado global como fornecedores deste tipo de artigos”. Ainda para mais porque “temos capacidade de produzir produtos desta natureza de elevadíssima qualidade”.

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