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Covid-19

​Emigrantes portugueses regressam a casa devido ao coronavírus

17 mar, 2020 - 12:44 • Olímpia Mairos

Desde as 23h00 de segunda-feira que o SEF e a GNR estão nas fronteiras a controlar a entrada de veículos e pessoas em Portugal. Em Vila Verde da Raia, no concelho de Chaves, só entram transportes de mercadorias, portugueses de regresso a casa e espanhóis que comprovem que trabalham em território nacional.

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Centenas de trabalhadores portugueses no estrangeiro estão a regressar ao país porque as empresas onde prestavam serviço encerram, devido à Covid-19. Na sua maioria trabalham na construção civil e estão a regressar em carrinhas de nove lugares. Vêm cansados da viagem, mas consideram que “estar em Portugal é agora mais seguro”.

Na fronteira de Vila Verde da Raia, em Chaves, a Renascença conversou com Rui Coelho que trabalha em França, na construção civil. Vem com mais oito colegas. No rosto de todos é visível o cansaço da viagem e das palavras transparece o alívio por estarem de regresso a casa.

“A nossa empresa fechou ontem e nós não ficávamos lá a fazer nada. É melhor estarmos com os nossos do que ficar lá a apanhar o vírus”, refere o motorista da carrinha. Pelo caminho, assegura que “todos procuraram lavar as mãos com frequência” e só pararam para abastecer a viatura.

Os nove trabalhadores são das zonas de Ponte de Lima, Fafe e Braga.

"Não sabemos se estamos infetados, mas aqui é mais seguro do que lá"

José Sousa vem numa outra carrinha com sete companheiros. São de Viana do Castelo, Amarante e Ponte de Lima. Trabalham todos na construção civil e como “as obras estão paradas” consideraram ser mais prudente regressar a casa. “Em família estamos mais protegidos. Não sabemos se estamos infetados, não devemos estar, mas é mais seguro aqui do que lá”, diz José.

Pelo caminho foram obrigados a parar na fronteira francesa e agora em Vila Verde da Raia.

“Acho bem que haja controlo, mas, além de pedirem a documentação, podiam também fazer os testes para ver se estamos com o vírus ou não”, defende José Sousa.

De regresso de França, onde trabalha na montagem de clínicas dentárias, Paulo Alves afirma que esta situação do coronavírus “é alarmante” e manifesta-se preocupado com a família. “Temos mulher e filhos em casa e estar longe, nesta altura, nem pensar”, diz o trabalhador natural de Baião, que não vê a hora de “abraçar, com os devidos cuidados, a mulher e os filhos”.

"Estas medidas já vêm tarde"

A chegar da Alemanha com oito colegas, José Santos considera que “estas medidas já vêm tarde” porque já muita gente entrou no país sem ninguém saber de onde vinham e para onde iam”. Este trabalhador de jardinagem assegura que no trajeto tiveram “mais cuidados de higiene”, mas entende que “ninguém está livre desta doença terrível”.

Fronteiras fechadas. GNR E SEF controlam entradas em Portugal
Fronteiras fechadas. GNR E SEF controlam entradas em Portugal

Já Nelson Sousa vem da Bélgica, com mais seis colegas e estão de regresso a Braga. “A viagem correu bem, apesar do muito cansaço. O importante agora é permanecer em casa com a família e evitar sair à rua, porque não sabemos quem pode estar infetado”, declara à Renascença.

Pelo caminho, este natural de Cabeceiras de Bastos diz que só foi obrigado a parar em Espanha. Considera o encerramento das fronteiras uma “medida acertada, porque mais vale se controlado do que deixar entrar tudo e todos”.

Desde as 23h00 de segunda-feira que o SEF e a GNR estão nas fronteiras a controlar a entrada de veículos e pessoas em Portugal. Em Vila Verde da Raia, no concelho de Chaves, só entram transportes de mercadorias, portugueses de regresso a casa e espanhóis que comprovem que trabalham em território nacional.

Todas as viaturas são obrigadas a parar. É pedida a identificação a todos os passageiros e, no caso de trabalhadores na zona fronteira, a declaração da entidade patronal. Os portugueses a trabalhar no estrangeiro e que agora regressam trazem uma declaração da empresa onde trabalham.

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