19 abr, 2020 - 13:44 • Marta Grosso com Lusa
A Polícia Judiciária (PJ) anunciou neste domingo ter identificado um homem de 20 anos que entrou plataformas de ensino à distância online, através do uso indevido de credenciais de acesso.
Os atos ocorreram na semana passada e perturbavam o funcionamento das aulas.
“Esta ocorrência, rapidamente comunicada pelo Ministério da Educação, permitiu vir a identificar e localizar o autor de tais factos, indivíduo este que não fazia parte das turmas”, refere a PJ na nota divulgada.
Uma vez identificado, prossegue a Polícia, o indivíduo admitiu “que o seu comportamento foi indevido” e “disponibilizou-se a apagar todos aqueles conteúdos que foram publicitados na Internet”, acrescenta.
“Por livre iniciativa procedeu igualmente à eliminação de todas as suas contas em redes sociais, que estiveram na base desta atividade ilícita e pelas quais poderá vir a ser responsabilizado penal e civilmente”, finaliza.
Desde que as aulas começaram a ser lecionadas através de plataformas online (e também desde que começou o teletrabalho), muitos têm sido os avisos nas redes sociais contra a eventual insegurança dessas plataformas.
Neste domingo, na sequência do comunicado da Polícia Judiciária, o secretário de estado da Educação, João Costa, recorda, na sua página no Facebook, a importância do “cumprimento das normas de segurança disponibilizadas no site Apoio às Escolas, produzidas em articulação estreita com o Comando Nacional de Cibersegurança e a Comissão Nacional de Proteção de Dados”.
Na sexta-feira, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) anunciou que iria fazer queixa à Procuradoria-Geral da República após a intrusão de terceiros em plataformas online de ensino à distância e utilização indevida de dados pessoais, códigos de acesso, fotografias e vídeos de alunos e professores.
A Fenprof considerou que a segurança de professores, alunos e as suas famílias "não pode ser posta em causa", pela utilização de plataformas para o ensino à distância [devido ao isolamento das famílias por causa da pandemia Covid-19], havendo "fundados receios" de que a segurança não está salvaguardada.
A estrutura sindical exigiu ao Ministério da Educação que garanta, com muita urgência, a utilização segura de plataformas de reunião online, ou apresente alternativas à sua utilização, para que professores e alunos possam desenvolver o seu trabalho.
Pandemia de Covid-19
Sindicato dos professores denuncia utilização inde(...)
Também o Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) alertou para os problemas relacionados com a proteção de dados e segurança na utilização das plataformas de ensino à distância.
O sindicato falou em problemas de proteção de dados e salvaguarda da informação apelando aos seus associados para terem "especial atenção perante plataformas que solicitam as credenciais do Microsoft Office 365, ou outras credenciais institucionais e pessoais", alegando que estas "podem estar a migrar os seus dados de autenticação para plataformas externas".
O Centro Nacional de Cibersegurança, questionado pela Lusa sobre a interferência de "youtubers" nas plataformas utilizadas no ensino, considerou que esta intrusão se deve a "um aproveitamento de eventuais configurações das sessões".
A operação de identificação do autor foi conduzida pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica UNC3T, da PJ, em colaboração com o Ministério da Educação.